O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) pede a libertação imediata do jornalista moçambicano Amade Abubacar, detido em Cabo Delgado, por alegadamente ter ligações com terroristas que operam na província.
Abubacar foi detido a 5 de janeiro deste ano, no distrito de Macomia, em Cabo Delgado, um dos que são atingidos pelos atacantes que desde 2017 mataram, pelo menos, 150 pessoas e incendiaram centenas de casas.
“Acreditamos que há uma tremenda injustiça neste caso. Apelamos às autoridades moçambicanas para fazerem o correcto: Libertar imediatamente o jornalista Amade Abubacar”, diz a coordenadora do programa de África do CPJ, Ângela Quintal.
Quintal, entrevistada em Washington DC, afirma que as autoridades moçambicanas “devem escutar a sua consciência” e deixar o jornalista em liberdade, uma vez que não “têm evidência de qualquer crime por ele cometido”.
Para esta defensora de liberdade de imprensa, “se as autoridades moçambicanas tivessem evidência de qualquer crime de Abubacar já teriam mostrado e realizado o julgamento”.
No final de contas, “eles (autoridades) sabem que Abubacar é um jornalista inocente detido a fazer o seu trabalho”, diz.
O Instituto de Comunicação Social, entidade governamental proprietária da Rádio Comunitária de Nacedje, onde Abubacar publicava o seu trabalho, distanciou-se do caso alegando que na altura da sua detenção não estava em missão de serviço.
Quintal, que critica tal posição, diz que para o CPJ Abubacar era consistente na cobertura da insurgência em Cabo Delgado, e quando foi detido “estava a tirar fotografias e a entrevistar os deslocados que fugiam dos ataques. Era um jornalista em acção e não um criminoso em acção”.
O CPJ lidera, de parceria com o MISA-Moçambique e outras organizações de direitos humanos, acções para a libertação do jornalista.
“Contactamos a presidência de Moçambique e não tivemos sucesso (…) mas acreditamos que serão as organizações no terreno irão fazer avançar este caso”, sublinha Quintal.