Cerca de 280 pessoas que chegaram recentemente a Angola de Portugal estão de quarentena num centro criado pelo Governo no Calumbo, em Luanda, enquanto meia dezena que chegou no mesmo dia foi colocada num hotel de cinco estrelas.
Essa disparidade de decisões tem estado na base de várias denúncias colocadas nas redes sociais.
O Presidente já mudou a liderança da Comissão Intersectorial de Gestão das Medidas Contra a Expansão do COVID-19.
Fontes seguras indicam que o Presidente da República João Lourenço terá dispensado de uma reunião o ministro do Interior, Eugénio César Laborinho, e na Altura segundo homem da comissão interministerial criada para lidar com a pandemia do coronavírus, acusado de ter permitido à filha violar regras para nao ficar em quarentena institucional.
Vários cidadãos que regressaram ao país de Portugal no sábado, 21, queixaram-se em áudios e vídeos publicados nas redes sociais de supostos maus-tratos por parte das autoridades locais contra passageiros levados para o Calumbo.
“Isso nao se faz, nós somos angolanos, nunca vi um tratamento como este”, dizem alguns cidadãos.
“Estamos a ser tratados como criminosos e a ser misturados com gente já contaminada”, denunciou Alice Silva, psicóloga e uma das passageiras levada para o centro de quarentena do Calumbo.
Em entrevista à VOA, Mario Durão, inicialmente colocadoem quarentena no Calumbo, confirmou que ele e outros foram enviados para um hotel nas imediações da centralidade do Kilamba.
“Aqui fomos bem recebidos e temos todas as condições”, garantiu Durão, que conta como é estar em quarentena.
“Não podemos sair e devemos ficar sempre nos quartos, ou seja temos de cumprir todas orientações que nos foram dadas”, revelou.
Mudanças
Refira-se que, após várias denúncias de maus tratos e favoritismo a alguns passageiros, o Presidente João Lourenço designou no domingo, 22, o general Pedro Sebastião, ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, para coordenar a Comissão Intersectorial de Gestão das Medidas Contra a Expansão do COVID-19.
A comissão era inicialmente dirigida pela titular da Saúde, Sílvia Lutucuta, cuadjuvada pelo ministro do Interior Eugénio César Laborinho, acusado de ter permitido a filha de fugir à quarentena imposta pelo Governo a todos que chegarem de países com um determinado número de casos de coronavírus.