Agricultores guineenses temem que a campanha de comercialização de castanha de caju seja comprometida pela Covid-19.
O presidente da Associação Nacional dos Agricultores, diz que tendo em conta que “todos os exportadores da castanha de caju vêm sempre de fora (…) é muito duvidoso” esperar uma boa campanha num ano abalado pela pandemia.
Não obstante, Jaime Boles tem alguma esperança, o que depende de medidas a adoptar.
Para mitigar a situação, baseando na experiência do ano passado, o secretário geral do Ministério do Comércio, Aureliano Marcelino Gomes, afirma que o Governo elaborou um plano de contingência, adequado às particularidades de COVID-19:
Gomes recomenda “que se tome em consideração o distanciamento, uso obrigatório das máscaras, que os armazéns de Stocks estejam desinfectados, que hajam luvas disponíveis para os trabalhadores, que hajam aparelho de medição de temperaturas e tomar refeições de forma individual”
E para monitorar tais medidas, haverá uma equipa de fiscalização, salienta Gomes.
Atrair compradores
De notar que mais de 80% da população da Guiné-Bissau depende directa ou indiretamente da campanha de comercialização do caju, que representa quase a totalidade das exportações do país.
O Governo já fixou o preço base de 360 Fcfa (0,72 USD), por kg.
Mas Bubacar Mané, especialista em Comércio Internacional, disse que o preço base por si só não assegura o eventual sucesso da campanha de comercialização da castanha de caju.
Para ele, são necessárias “outras medidas e dinâmicas ao nível dos impostos e taxas que possam atrair os compradores estrangeiros, já que o tecido empresarial nacional está em falência”.
Enquanto isso, a economista Udé Fati apresenta algum sinal de optimismo, afirmando que “temos ainda os principais parceiros de exportação, que são os indianos e os mauritanianos, que servem de intermediários, já nas tabancas, e o preço que está ser verificado na Guiné-Bissau é o mesmo que no Senegal. Então, se esta harmonização do preço continuar, o Governo não terá a fuga dos impostos.”
Mas Fati ressalva que a introdução de novos impostos pode dificultar a campanha, considerando que até 2020 só pagavam os impostos os intermediários e os exportadores, enquanto os agricultores não.
“É difícil pensar que os intermediários vão poder captar estes impostos junto dos agricultores", diz a economista.