Especialistas médicos angolanos consideraram que a epidemia da covid-19 em estabilizou e pode mesmo estar em queda mas avisaram que é preciso manter cuidados para se evitar um recrudecimento da mesma.
Em Angola está a vigorar, desde o dia 1 de Abril, um novo decreto presidencial sobre a situação de calamidade pública, devido à pandemia da covid-19 que, desta vez, se estende por um período de 45 dias, contra os 30 habituais.
No decreto presidencial, o Governo angolano manteve grande parte das medidas preventivas actuais, com destaque para a obrigatoriedade do uso da máscara facial na via pública, mercados e locais fechados.
Para o médico pneumologista Francisco Magalhães, “o país está a passar na fase pós-pandemia, o que é muito salutar, porque as vacinas e a educação cívica da nossa população ajudaram muito”.
Aquele especialista disse, entretanto, ser prudente o uso da máscara facial especialmente para os grupos de pessoas “com fragilidades no sistema respiratório”.
O académico e gestor hospitalar, Nelito Barros, considera, por seu turno que “ o comportamento do vírus sarscov2 em Angola já é estável mas não podemos declarar que estamos numa fase de pós-pandemia”.
Barros acrescentou, entretanto, que os angolanos “já adquiriam a imunidade tanto natural como artificial através da vacinação estando o país a viver uma fase de estabilidade imunológica populacional”.
Por altura da actualização do decreto presidencial, o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar , Francisco Furtado, anunciou o aligeiramento de algumas medidas preventivas ao reduzido número de casos novos registados em Março.
“Durante o mês de março, a situação da covid-19 não teve grandes alterações, até 4 de fevereiro registamos uma taxa de 0,86% e hoje o país completa 31 dias consecutivos sem óbito”, afirmou o ministro.
Segundo o ministro “as medidas tomadas pelas autoridades têm sortido efeito e estamos em média com uma taxa de 97% de doentes assintomáticos em Março”.
Francisco Furtado disse ser “notório algum relaxamento e indisciplina no uso da máscara facial nos mercados e mesmo na via pública e alertou que “temos que ter em atenção que a pandemia ainda não acabou e temos a obrigar de usa-la”.
O novo decreto presidencial autoriza, no entanto, que oradores ou interlocutores que estiverem no uso da palavra durante uma conferência ou colóquio possam fazê-l sem a máscara facial e recomenda a vacinação para menores a partir de 12 anos.
Segundo Francisco Furtado, também coordenador da Comissão Interministerial de Prevenção e Combate à Covid-19 em Angola, mantém-se a obrigatoriedade da apresentação ou certificado de vacinas ou imunização completa para viagens ao interior do país tendo recomendado aos cidadãos nacionais e estrangeiros a realização de testes pré embarque nos países de origem e de destino.
O novo decreto continua com a obrigatoriedade de isolamento para cidadãos que chegam em Angola sem imunização completa e a presença de público nos recintos desportivos em Angola passa de 75% para 100%, mas estes “devem usar a máscara facial e apresentar o certificado ou ter duas doses da vacina” para aceder aos campos.
“Cai a obrigatoriedade dos testes para atletas e os técnicos desportivos antes dos jogos bastando por isso terem a imunização completa”, disse Furtado.
O governante afirmou ainda que o novo decreto mantém a proibição da venda e consumo de bebidas alcoólicas na via pública e nos postos de abastecimento de combustível e as praias continuam abertas e as marinas “já podem usar as embarcações que estavam restritas”.
Angola permanece há um mês sem óbitos por covid-19 e o quadro epidemiológico da pandemia apresenta 99.194 casos positivos confirmados, tendo 97.149 recuperado da doença.
Permanecem 145 casos activos. desses, dois apresentam sintomas moderados, igual número está com sintomas leves e 141 são assintomáticos.
Até à data, 1.900 pessoas perderam a vida por causa da doença.
Vacinação
De acordo com os dados tornados públicos nesta segunda-feira, 4, pela Direcção Nacional de Saúde Pública (DNSP), entre as cinco províncias com o maior número de vacinados o destaque vai para o Uíge, com 945 doses, seguindo-se a Huila com 84, o Kwanza Sul com 81, o Bié com 73 e Malange com 69.
O cumulativo aponta para 17.882.655 doses já administradas em todo o país, com uma taxa de cobertura da população alvo de 56.91 por cento.
O quadro da vacinação em Angola indica uma população alvo de 20.754.946 utentes, do quais 11.811.972 já receberam a primeira dose.
O país tem, também, o registo de 6.140.623 pessoas com as duas doses completas e de 5.629.407 que ainda não receberam, sequer, uma dose.
O número de utentes com a dose de reforço é de 334.466 e 4.079.376 pessoas, que já têm duas vacinas feitas, ainda não receberam o reforço.