As autoridades sul-africanas acabam de deportar mais de quinhentos moçambicanos como forma de aliviar as suas cadeias nesta fase da pandemia da Covid-19, mas na terra natal há receio de que eles possam se envolver em crimes.
Grande parte dos 589 deportados da vizinha África do Sul conta uma história do seu envolvimento no mundo do crime.
“Fui preso na África do Sul por roubo, julgado e condenado (...) disseram-me que depois de cumprir a sentença seria deportado para o meu país, o que aconteceu agora por causa da Covid-19”, conta Roque Cossa.
Dos indultados, 449 foram submetidos ao rastreio ao coronavírus, e o ministro da Saúde, Armindo Tiago, diz que o seus passos serão seguidos, em todas as províncias, conforme o protocolo do rastreio da Covid-19.
“Nós temos a lista completa com os seus endereços e eventualmente forneceremos essas listas às autoridades locais para permitir o seguimento adequado dessas pessoas nos seus locais”, promete Tiago.
Os repatriados chegaram ao país sem qualquer meio de subsistência. As autoridades moçambicanas deram um kit.
“Uma vez que eles tiveram uma saída tempestuosa, não puderam se preparar, então no lugar do destino com esse kit evitam aquilo que se chamaria andar à procura de meios de subsistência”, diz Higino Rodrigues, do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades.
O facto de terem chegado sem meios, leva a que a sociedade tenha receio de que se envolvam novamente em atos criminais em Moçambique.
Seródio Towo, da Associação para a Regeneração e Reinserção do Jovem Recluso (APREJOR) apela para as comunidades apoiem na reinserção destes indivíduos.
“É uma preocupação legítima da sociedade Moçambicana, porque sabemos que parte significativa deste cidadãos estavam em reclusão”, diz Towo.
Towo diz ainda que não havendo informação profunda a respeito dos retornados, é necessário que as comunidades fiquem atentas e denunciem qualquer ato de criminalidade às autoridades competentes.