A pesca artesanal, actividade económica que garante o sustento de cerca de 15 por cento de famílias São-tomenses, está em queda face ao encerramento de hotéis e restaurantes.
As iniciativas de pesca industrial em São Tomé e Príncipe não tiveram sucesso e os grandes navios que operam nas águas territoriais do país no âmbito de acordos estabelecidos com as autoridades nacionais comercializam todo o seu pescado no estrangeiro.
O abastecimento do mercado interno é assegurado por cerca de três mil pescadores artesanais que nos últimos 12 meses viram a sua atividade afectada pela pandemia da Covid-19.
Com os hotéis encerrados, diz Manuel Carvalho, da praia de Micoló, “nós suspendemos a pesca porque já não temos como vender”.
“As ‘palayes’, ou seja, mulheres que comercializam o pescado nos mercados e nas ruas da cidade também ficaram descapitalizadas com a pandemia”, disse Damião Castelo David, pescador da praia Melão, sublinhando que a pandemia está a destruir a vida dos mais desfavorecidos.
A situação afecta o rendimento de muitas famílias que vivem da pesca artesanal.
“Fio de pesca, anzol, boias, estamos a comprar tudo na candonga, ou seja, mercado paralelo. O Governo apoiava com alguns materiais, mas há mais de um ano que deixou de nos apoiar”, diz Claudino Pereira, um dos pescadores mais antigos da praia Melão.
Entretanto, mesmo com a crise, Silvério Amorim, pescador de Gamboa, conta que muitos jovens e adolescentes têm se interessado pela pesca artesanal.
“Muitos filhos de pescadores com nona e décima-primeira classes, que os pais não têm como pagar para eles continuarem os estudos, estão a seguir a pesca. Aqui na Praia Gamboa tem muitos”, diz Amorim.