27 Dez 2010 - Na capital da Costa do Marfim, Abidjan, foi ignorada uma greve geral convocada pelo candidato presidencial Alassane Ouattara, que a ONU reconhece como vencedor das eleições presidenciais do mês passado. A greve fora convocada como forma de pressão sobre o presidente Laurent Gbagbo, para o pressionar a aceitar a derrota e ceder o chefia do estado a Ouattara.
O apelo à greve não alterou visivelmente a dinâmica política na Costa do Marfim. Mantém-se o braço de ferro entre o presidente Laurent Gbagbo e Alassane Ouattara que a maioria da comunidade internacional reconhece como o vencedor das eleições de 28 de Novembro.
O primeiro-ministro de Ouattara, Guillaume Soro, convocou a greve geral, porque, segundo um destacado líder da oposição, não se pode permitir que Gbagbo, e citamos, “roube esta eleição”.
Mas em Abidjan a vida corria o rumo normal do quotidiano. Muitos residentes diziam que precisavam de trabalhar porque não podem arriscar o seu ganha pão.
Laurent Gbagbo permanece inamovível, face às pressões internacionais e a algumas sanções já anunciadas. Insiste que não cede o poder a Ouattara porque foi ele o legítimo vencedor das presidenciais. Os seus apoiantes acusam a comunidade internacional de ameaçar a soberania do país e prometem lutar para o manterem no poder.
Ouattara continua instalado num hotel em Abidjan, protegido pelas Nações Unidas e o antigos combatentes da sua força de guerrilha. O acesso põe terra ao hotel foi cortado; água e mantimentos são levados por helicópteros da ONU.
Desde que, no dia 16, a oposição se começou a manifestar contra Gbagbo, já morreram 170 pessoas. O Conselho dos Direitos Humanos da ONU fez um apelo à reconciliação para evitar uma nova guerra civil. E condenou as violações dos direitos humanos, levando Gbagbo a negar o uso de força excessiva contra os seus adversários políticos.
O ministro do Interior de Gbagbo acusou a ONU em Genebra e em Abidjan de assumir uma posição parcial quando informa os países membros acerca da situação no país. Adianta que a ONU ignora os dados fornecidos pelo governo e prefere privilegiar alegações e acusações feitas por um dos lados, sem qualquer verificação ou investigação.
Uma comissão de chefes de estado da CEDEAO desloca-se terça-feira a Abidjan, para tentar persuadir Gbagbo a abandonar o poder. Se ele recusar a CEDEAO ameaça depô-lo pela força. Gbagbo disse, em resposta, reconhecer que se trata de uma ameaça séria, mas permenece confiante na sua vitória. Adverte que a CEDEAO poderá provocar uma guerra civil.
Posição semelhante foi assumida no fim de semana pelo governo de Angola, que desmentiu ainda uma notícia referindo a presença de mercenários angolanos na Costa do Marfim.