“O Dia de África deverá ser celebrado numa perspectiva de utilidade pragmática e é por isso que defendo que a ocasião deve ser para a promoção do entendimento através da conquista do conhecimento”, disse à VOA o diplomata cabo-verdiano Corsino Tolentino.
Tolentino, ex-ministro de educação, lamenta que o continente ainda não tenha acumulado conhecimento suficiente para atingir a excelência na abordagem das suas preocupações.
Aquele analista argumenta que investimento não deverá ser apenas para a conquista do conhecimento académico, “mas alargado ao senso comum, ao entendimento que as pessoas, incluindo as analfabetas, podem ter”, pois isso poderá ser útil na promoção do diálogo.
Dialogando, diz, será possível “eliminar as fronteiras – físicas e virtuais – que ainda prevalecem nos contactos entre os povos africanos (…) e ajudar a “resolver pacificamente os problemas que afectam a nossa região.”
Outra preocupação de Tolentino é a necessidade de África assumir o seu próprio destino.
“Acho que há uma problema de determinação colectiva para sermos os próprios responsáveis do nosso futuro e a partir dessa posição é que podemos dialogar eficazmente com todos os interessados e resolver problemas comuns”, explica.
A isso, a escritora moçambicana Paulina Chiziane acrescenta que “África precisa de ganhar consciência de luta pela liberdade, quebrar todos os vestígios do colonialismo e da escravatura, manter dentro da mente e do espirito o desejo da liberdade”.
O Dia de África é este ano celebrado sob o lema “ano do empoderamento e desenvolvimento da mulher rumo à agenda Agenda 2063” e tem em vista acelerar a eliminação da pobreza no continente.
Chiziane, que nas suas obras explora a questão dos direitos da mulher, diz que o lema reconhece a mulher africana, que “está a conquistar o seu espaço e continua a dar esperança às gerações”.
“Não há outra mulher tão poderosa como a mulher africana, uma mulher que viu os seus filhos a serem vendidos, escravizados, esta mulher foi vitima da história,” conclui Chiziane.