A corrupção em Angola tornou-se num fenómeno cultural pelo que é necessário combate-lo a todos os níveis, disse O vice-procurador geral da República, Mota Liz.
A corrupção, disse, “introduziu-se na consciência do cidadão comum” pelo que o combate ao fenómeno passa por todos os sectores da sociedade.
“Passa por repensar a administração pública, a sua burocratização, as suas complicações desnecessárias, passa por eliminar os factores que conduzem á corrupção”, afirmou acrescentando que esse combate “passa também por punir”.
O vice-procurador disse que os angolanos querem construir um estado de direito, democrático “temos que combater a corrupção e temos que acabar com a impunidade e as pessoas têm viver de acordo com os comandos da lei”.
Por seu turno o jurista Banja Satula disse que com efeito a impunidade tinha levado ao descredito das instituições angolanas, algo que é preciso reconstruir.
Satula considera que para se oferecer melhores condições de vida ao povo tem que se fazer um combate acérrimo à corrupção.
Satula comentava a prisão de proeminentes figuras por alegado envolvimento em corrupção, incluindo José Filomeno dos Santos, filho do ex-presidente Eduardo dos Santos.
O facto de no passado não se ter levado a cabo com seriedade um combate à corrupção “levou a um problema sério que é o problema da impunidade”.
“A impunidade deu origem ao descrédito das instituições e consequentemente à degradação da qualidade de vida do cidadão", acrescentou.
Satula disse que para se combater a corrupção tem que se evitar “a promiscuidade que existe entre o estado e o partido, entre o político e o jurídico e entre o político e o económico”.
“ Se não conseguirmos dissipar essa promiscuidade provavelmente cairemos novamente num descrédito porque as raízes da corrupção e impunidade vão resistir”, acrescentou.
Por seu turno o deputado da UNITA Manuel Ekuikui manifestou preocupação pelo facto de que, segundo disse, o sistema judicial continuar dependente do presidente da república.
Por outro lado disse que devido à conjuntura internacional e interna “ o presidente da república não outra opção” senão declarar o combate à corrupção.
Para Ekuikui a preocupação é “se estamos realmente a combater a corrupção ou estamos a querer mostrar ao mundo que estamos aprender pessoas que fizeram mal ao país”.
“Temos que combater as práticas do passado e não propriamenteapenas um combate cerrado a pessoas porque estou certo que no MPLA não restaria alguém”, acrescentou.
O deputado da UNITA disse que o MPLA tinha perdido credibilidade e o combate que está a ser feito pode ser apenas uma tentativa de recuperar essa imagem.
“Espero que isto esteja a ser feito esteja na base do interesse de Angola”, disse
Entretanto soube-se que as autoridades angolanas reforçaram nos últimos dias o sistema de controlo e segurança no aeroporto internacional de Luanda para impedir a saída dopais de pessoas possivelmente implicadas em crimes de corrupção.
Na sequência da prisão do José Filomeno dos Santos e de outras figuras conhecidas circulam informações em Luanda segundo as quais outras entidades também indiciadas em vários crimes de corrupção e gestão danosa, estão em fuga no exterior do pais e as autoridades terão reforçado o sistema de segurança e de controlo, no interior e arredores do aeroporto
internacional de Luanda.