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Corredor do Lobito elogiado por possível responsável de África do governo de Trump


J. Peter Phạm
J. Peter Phạm

Dois veteranos do primeiro governo de Trump devem regressar para comandar política africana dos EUA. São eles Tibor Nagy e J. Peter Pham

O diplomata americano, John Peter Pham - que é visto como possível chefe da política africana do governo de Donald Trump -, deu o seu apoio à iniciativa do Corredor do Lobito, como exemplo de uma iniciativa que beneficia os interesses americanos e dos africanos.

O portal Semafor indicou que Pham, antigo enviado especial para a região do Sahel no último ano do primeiro mandato do presidente Trump, entre 2020 e 2021, deverá ser nomeado “para a principal posição africana na nova administração Trump”.

O portal não revelou outros pormenores e não houve reação por parte da equipa de transição de Trump.

Essa posição poderá, no entanto, ser no departamento de Estado como secretário de Estado Assistente para Assuntos africanos ou na pasta de África Conselho Nacional de Segurança.

Quem é e o que pensa John Pham

Pham é uma conhecida figura nos círculos de política internacional nos Estados Unidos. Foi também enviado especial para a Região dos Grandes Lagos (uma região de particular interesse do presidente João Lourenço, que chefia a conferência dessa região) e foi também vice-Presidente do influente centro de estudos Atlantic Council onde foi diretor do Centro África.

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Num artigo publicado em Novembro no jornal Jerusalem Strategic Tribune, o diplomata avisou que países que não sejam “recíprocos” nas suas relações com os Estados Unidos poderão ser retirados do programa da Lei de Oportunidade e Crescimento em África (AGOA) que dá isenções aduaneiras a certos países africanos.

Peter Pham disse que os países africanos podem ser “significante” em ajudar a alcançar-se as "prioridades económicas da América”.

No artigo Pham mencionou o interesse dos Estados Unidos nos minérios “críticos”, essenciais para “a economia e segurança nacional dos Estados Unidos”, notando a República Democrática do Congo como um país que produz três quartos do cobalto mundial.

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“Investimentos em corredores integrados como o Corredor do Lobito ligando Angola, a RDC e a Zâmbia ajudam os países africanos não só a explorar, mas também a processar, a acrescentar valor e exportar para os mercados globais”, escreveu Pham.

“Os seus recursos naturais são a chave para se garantir a segurança das cadeias de fornecimentos para as necessidades de defesa dos Estados Unidos bem como a procura por parte da indústria renovada da América”, escreveu o especialista.

“Isto em vez de exportar matérias primas em bruto para a China - onde as linhas de fornecimento podem ser transformadas em armas – é como se alcança um resultado em que africanos e americanos ganham”, acrescentou.

África do Sul na mira

Peter Pham escreveu ainda que a reciprocidade “é a chave para relações sustentáveis” mas acrescentou que isto não diz respeito a “taxas (alfandegárias) igualizadas para as importações”.

Pham recordou que um dos critérios de elegibilidade para a Lei de Oportunidade e Crescimento em África (AGOA) é que os países “não se envolvam em atividades que minem a segurança nacional dos Estados Unidos ou interesses de política externa”.

“A administração Biden ignorou este critério no que diz respeito à Africa do Sul, o maior beneficiário destas preferências comerciais, apesar das suas proximidades com a Rússia, China e Irão e o seu papel em liderar o caso de “genocídio” contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça”, acrescentou.

John Pham defendeu também no artigo, no Jerusalem Stretegic Tribune, um acordo de comércio livre com o Quénia algo que, segundo disse, estava prestes a ser alcançado no primeiro governo de Donald Trump, mas que a administração Biden anulou.

Somália

Pham disse também, no mês passado, que os Estados Unidos deviam retirar as forças que mantêm na Somália, onde apoiam o atual governo na luta contra rebeldes islâmicos da Al Shabab.

“Não temos um parceiro eficaz em Mogadishu e não há interesses nacionais dos Estados Unidos que justifiquem arriscar finanças americanas e muito menos sangue americano na Somália que não possam ser abordados offshore ou de bases próximas”, disse Pham ao jornal das forças armadas americanas Stars and Stripes.

Pham disse que “no mínimo” deverá ser feita uma revisão total da política americana “para o estado falhado somali antes de se investir mais recursos americanos”.

Outro veterano em questões africanas vai estar de volta

A outra figura que deverá exercer influência na política americana para Africa é Tibor Nagy, que foi Secretário de Estado Assistente para Assuntos Africanos durante a primeira administração Trump.

Tibor Nagy, antigo secretário de Estado adjunto para os Assuntos Africanos na primeira administração Trump
Tibor Nagy, antigo secretário de Estado adjunto para os Assuntos Africanos na primeira administração Trump

Nagy disse no portal X que tudo indica que “vou estar de volta na segunda feira no departamento de Estado numa posição que irá para além de África”.

Nagy não deu outros pormenores, acrescentando que “não irá expressar as suas opiniões pessoais até a minha posição temporária acabar” e não deu outros pormenores.

Contudo, várias fontes afirmam que o novo papel de Nagy será não só questões regionais de África mas também as implicações da presença das potências mundial na África.

O portal Addis Insigt disse que o regresso de Nagy ao departamento de Estado “reflecte o reconhecimento por parte do governo americano da importância estratégica de África nos assuntos globais”.

“Os seus conhecimentos, particularmente no que diz respeito ao leste de África, deverão ser essenciais em fazer face a questões prementes apoiando ao mesmo tempo a estabilidade e crescimento a longo prazo na região”, acrescentou.

Anteriormente, Nagy tinha apoiado também uma revisão da política americana para com a Somália afirmando que o reconhecimento da região separatista da Somalilândia “é no melhor interesse dos Estados Unidos”

Para além da sua posição de Secretário de Estado Assistente para Assuntos africanos, Nagy foi durante a sua carreira embaixador na Etiópia e Guiné Conacri, foi também vice-embaixador na Nigéria, Camarões e Togo e esteve também nas embaixadas americanas na Zâmbia e Seychelles.

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