Tropas foram vistas a tentar entrar no parlamento sul-coreano depois de o Presidente Yoon Suk Yeol ter declarado a lei marcial, num discurso televisivo inesperado, que atacou os opositores políticos nacionais e provocou ondas de choque em todo o país.
A situação decorre enquanto a Assembleia Nacional da Coreia aprova uma resolução que apela ao levantamento da lei marcial.
Imagens de televisão mostram os assessores parlamentares a tentar fazer recuar os soldados com extintores de incêndio.
Centenas de pessoas reuniram-se no parlamento sul-coreano na madrugada de quarta-feira (hora local), para protestar contra a imposição da lei marcial, de acordo com imagens captadas em direto.
“Abram o portão, por favor. O vosso trabalho é proteger a Assembleia Nacional. Por que razão ficam parados enquanto os deputados são espezinhados?”, gritou um homem de meia-idade a um grupo de polícias que guardava o portão.
Os membros do partido da oposição da Coreia do Sul reúnem-se no edifício do parlamento do país depois do anúncio do Presidente depois de as tropas sul-coreanas terem sido chamadas para impedir a entrada de políticos da oposição no parlamento para anular a declaração de lei marcial.
A decisão foi considerada “ilegal” pelo líder da oposição, que apelou à manifestação da população.
O Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, declarou a lei marcial na noite de terça-feira, 3, numa altura em que decorre um debate parlamentar tempestuoso sobre o orçamento, uma decisão considerada “ilegal” pelo líder da oposição, que apelou à manifestação da população.
É a primeira vez em cerca de 40 anos que a lei marcial é usada no país. A taxa de aprovação do presidente Yeol tem diminuído severamente, estando atualmente abaixo dos 20%.
A embaixada da China em Seul avisou os seus cidadãos para terem “cuidado”, "reforçar a sensibilização para a segurança, limitar as saídas desnecessárias e ter cuidado ao exprimir opiniões políticas”, declarou em comunicado.
A lei marcial é um estado temporário em que as autoridades militares substituem ou limitam o controlo das autoridades civis. A lei implica a suspensão das leis civis e do sistema judicial civil, que são substituídos por leis e regras ditadas pelos militares.
EUA afirmam estar a “acompanhar de perto a situação”
Os Estados Unidos afirmaram esta terça-feira que estão a “acompanhar de perto a situação” na Coreia do Sul, um aliado de Washington.
O governo dos Estados Unidos “está em contacto com o governo da República da Coreia e acompanha de perto a situação”, declarou um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca em comunicado. O Presidente Joe Biden encontra-se atualmente numa visita de estado a Angola.
Seul é um aliado fundamental dos Estados Unidos na Ásia, especialmente num contexto de rivalidade acrescida com a China. A Coreia do Sul depende fortemente do seu aliado americano para garantir a sua segurança face às ameaças colocadas pela Coreia do Norte, com mais de 28 000 soldados americanos baseados no país.
A terceira Cimeira da Democracia, uma iniciativa lançada em 2021 pelo Presidente dos EUA, Joe Biden, teve lugar em março em Seul. A cimeira contou com a presença do chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken.
No dia seguinte à vitória presidencial de Donald Trump, a 5 de novembro, o Presidente sul-coreano felicitou o republicano, afirmando esperar trabalhar mais estreitamente com os Estados Unidos no futuro.
Em rutura com o seu antecessor Moon Jae-in, Yoon Suk Yeol adoptou uma linha mais dura com a Coreia do Norte, com armas nucleares, ao mesmo tempo que melhorou os laços com Washington.
Em abril de 2023, Joe Biden recebeu Yoon Suk Yeol em Washington e prestou-lhe as honras de uma visita de Estado, pontuada por um jantar de gala.
(notícia em atualização)
c/ Reuters e AFP
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