Delegados na Conferência do Clima da ONU, COP27, que arrancou neste domingo, 6, em Sharm el-Sheikh, no Egipto, concordaram emdiscutir eventuais compensações pelos países ricos aos países mais vulneráveis às mudanças climáticas por erem os menos poluidores, mas os que mais sofrem.
"Isso cria pela primeira vez um espaço institucionalmente estável na agenda formal da COP27 e do Acordo de Paris para discutir o tema premente dos arranjos de financiamento necessários para lidar com as lacunas existentes, respondendo a perdas e danos", disse o presidente da COP27, Sameh Shoukry, na abertura do plenário.
Na COP26 do ano passado em Glasgow, os países mais ricos bloquearam uma proposta de um órgão de financiamento de perdas e danos e defenderam um novo diálogo de três anos para discussões de financiamento.
Entretanto, Shoukry alertou que as discussões sobre perdas e danos agora na agenda da COP27 não envolverão responsabilidade ou compensação vinculante, mas pretendem levar a uma decisão conclusiva "o mais tardar em 2024", e acrescentou que "a inclusão da agenda reflecte um sentimento de solidariedade para com as vítimas dos desastres climáticos".
Em mensagem em vídeo à Conferência, o secretário-geral das Nações Unidas avisou que o "planeta está a enviar um sinal de sofrimento".
"No momento em que arranca a COP27, o nosso planeta está a enviar um sinal de sofrimento", afirmou António Guterres, que apontou para uma situação "crónica do caos climático".
Aquecimento maior mas há algumas vitórias
A reunião acontece no momento em que a Organização Meteorológica Mundial (OMM), revelou os oito anos entre 2015 e 2022 serão os mais quentes já registados na história da humanidade.
Pesquisadores dizem que o mundo já aqueceu 1,2°C e limitar as temperaturas em 1,5°C exigiria que as emissões caíssem 43% até o final da década, uma meta altamente ambiciosa.
Para chegar à meta menos ambiciosa de 2 C, as emissões têm que cair 27%.
Disputa pela energia
Os preços do petróleo, carvão e gás natural subiram desde a invasão da Ucrânia pela Rússia e alguns governos responderam com a exploração novas fontes de combustível fóssil.
Estas decisões levantaram preocupações em torno das posições dos governos em relação aos compromissos assumidos para reduzir as emissões, incluindo o acordo nas negociações climáticas do ano passado que defendeu a "redução gradual" do uso de carvão e da quantidade de metano - um poderoso gás de efeito estufa - libertado na atmosfera.
Ao mesmo tempo, os preços crescentes dos combustíveis fósseis tornaram as energias renováveis mais competitivas.
Prazos esgotados
A construção de centrais de energia solar e eólica continua a ser mais cara para os países em desenvolvimento.
Para ajudá-los a reduzir suas emissões rapidamente, as nações ricas estão a negociar projectos de ajuda conhecidos como “parcerias de energia justa de transição”, com várias economias emergentes importantes, incluindo Indonésia e Índia, que podem ser finalizadas durante ou logo após a COP27.
Um dos grandes pontos de discórdia nas negociações anteriores dizia respeito ao apoio financeiro que os países pobres recebem das nações ricas para lidar com as mudanças climáticas.
Um prazo para fornecer 100 mil milhões de dólares anualmente até 2020 foi ultrapassado sem que nada acontecesse e agora Mohamed Nasr, principal negociador do Egipto, alertou que "as necessidades futuras de financiamento provavelmente serão de trilhões, não bilhões.
"A lacuna no financiamento é enorme", disse ele, observando que metade da população da África ainda não tem acesso à eletricidade, muito menos energia limpa.
Os países desenvolvidos, incluindo os Estados Unidos, também ainda não cumpriram a promessa de duplicar o valor prometido.
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