Os ataques aéreos liderados pela coligação saudita contra os rebeldes xiitas Houthi no Iémen começaram na semana passada, e, segundo o Governo de Riade, só terminarão quando o presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi voltar a poder. Frente à possibilidade de um longo conflito, especialistas em segurança alertam que a região do leste de África pode enfrentar muitos problemas.
A Arábia Saudita lidera uma coligação árabe que tenta travar o avanço de rebeldes xiitas que estão perto da cidade de Aden. O objectivo da coligação é assegurar que o Governo do presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi, que é reconhecido internacionalmente, retorne ao poder.
Dez países árabes, predominantemente sunitas, fazem parte da coligação, entre eles Sudão, Egipto e Marrocos.
Os conflitos registados no país levaram a uma série de nações a evacuarem os seus cidadãos, e espera-se que eles resultem em muitos refugiados. É provável que muitos deles sigam na direcção do Corno de África, mais precisamente para Eritréia, o Djibuti e Somália.
O analista em segurança Andrew Franklin diz que o vazio de poder no Iémen também pode abrir caminho a que grupos terroristas expandam as suas operações.
“Há uma quantidade enorme de comércio com o Iémen, que tem muitos portos e muitos navios, grandes e pequenos, que antes eram fiscalizados. Eles eram fiscalizados pelo Governo central de Sanaa, mas agora esse Governo não existe mais. Esse tipo de ambiente, que é muito parecido com o da Líbia, é alvo de grupos como a Al-Qaeda, e é onde eles expandem a sua influência”.
O analista Yan St. Pierre, director da empresa de segurança alemã Mosecon, também considera que as rotas comerciais bem estabelecidas entre o Mar Vermelho e o Golfo de Aden vão se transformar em caminhos para actividades ilegais, que fortalecerão a acções terroristas na região.
O grupo terrorista Somali al-Shabab perdeu território nos últimos anos devido aos esforços militares liderados pelas tropas da União Africana e da Somália. Entretanto, continua a realizar ataques terroristas e suicidas, tanto dentro como fora da Somália.
Especialistas em segurança acreditam que, agora, o al-Shabab irá intensificar os ataques contra o Governo somali, procurando aumentar o poder de negociação com outros grupos terroristas como o al-Qaida e o Estado Islâmico.
Espera-se que os próximos dois meses sejam críticos. Especialistas, que avertem para a divisão existente no al-Shabab, admitem que o grupo irá reforçar o seu pedido de adesão à al-Qaida ou poderá unir-se ao Estado Islâmico.
De qualquer das formas, a tensão aumentará ainda mais na região.