As conversações entre a República Democrática do Congo e o grupo armado M23, apoiado pelo Ruanda, que se apoderou de vastas áreas do leste da RDC, rico em minérios, terão início em Luanda a 18 de março, informou quarta-feira Angola, país anfitrião.
As anteriores rondas de conversações de paz mediadas por Angola não conseguiram travar os combates entre o exército congolês e o M23, numa região volátil da RDC marcada por lutas internas entre vários grupos armados.
Mas na terça-feira, Angola disse que as duas partes tinham concordado em sentar-se à mesa das negociações, depois de o Presidente congolês, Felix Tshisekedi, ter discutido o conflito com o seu homólogo angolano, João Lourenço.
No entanto, Luanda não apresentou qualquer calendário para a realização das negociações.
“Na sequência dos passos dados pela mediação angolana (...) as delegações da República Democrática do Congo e do M23 iniciarão conversações diretas de paz a 18 de março na cidade de Luanda”, declarou a presidência angolana em comunicado.
Tshisekedi tinha-se recusado anteriormente a dialogar com o M23, que levou a cabo uma ofensiva relâmpago no leste da RDC com o apoio do Ruanda.
Mas o Presidente angolano, João Lourenço, disse na terça-feira que as “negociações diretas” entre as duas partes iriam ter lugar nos próximos dias, depois de receber Tshisekedi para conversações.
No mês passado, o M23 tinha afirmado que queria “diálogo” para resolver o conflito.
Desde janeiro, o M23 apoderou-se das cidades-chave de Goma e Bukavu e, desde então, pretende governar a longo prazo as regiões sob o seu controlo.
A marcha do M23 já matou mais de 7.000 pessoas desde o início de 2025, segundo a RDC. A AFP não conseguiu verificar este número de forma independente.
O Ruanda nega ter prestado assistência militar ao M23.
Mas um relatório de peritos da ONU concluiu que o Ruanda mantém cerca de 4.000 soldados no leste da RDC em apoio ao grupo armado.
De acordo com o relatório, o Ruanda também mantém um controlo de facto sobre o grupo armado, a fim de explorar os ricos filões de minerais valiosos do leste da RDC, como o ouro e o coltan.
Para justificar o seu apoio ao M23, o Ruanda referiu a presença no leste da RDC de militantes da FDLR, um grupo fundado por líderes hutus envolvidos no genocídio dos tutsis no Ruanda em 1994.
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