A ministra angolana da Educação negou que o seu Governo tenha pedido professores a Cabo Verde, ao contrário do que disse em Luanda e na Praia o chefe da diplomacia cabo-verdiana, Luís Filipe Tavares.
Aliás, o próprio ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, à margem da cimeira de chefes de Estado e de Governo em Addis-Abeba em Janeiro, tinha admitido a possibilidade do seu país recorrer a professores cabo-verdianos.
“Quem falou? Não existe nenhuma contratação, não há acordos firmados, não há protocolos, não há nada, não existe absolutamente nada. Não é verdade essa questão de contratação de professores cabo-verdianos. Enquanto titular e ministra da Educação, o que eu confirmo e afirmo é que não existe qualquer contratação, não existe qualquer acordo, não existem orientações superiores para que haja contratação de professores de Cabo Verde”, disse Cândida Teixeira a jornalistas na quinta-feira, 15, na capital angolana.
Questionada sobre o facto de os chefes da diplomacia dos dois países terem abordado a questão publicamente, Teixeira remeteu a questão para Manuel Augusto e Luís Filipe Tavares.
“Eles (Augusto e Tavares) é que disseram isso, mas nós não temos informações sobre essas contratações”, acrescentou a ministra.
A palavra da diplomacia
As declarações de Luís Filipe Tavares foram inicialmente feitas na semana passada, em Luanda.
De regresso a Cabo Verde, Tavares reafirmou em entrevista ao jornal Expresso das Ilhas que “o interesse foi manifestado pelo Governo angolano”.
Entretanto, o ministro angolano das Relações Exteriores foi o primeiro a tocar no assunto, quando, à margem da cimeira dos chefes de Estado e de Governo no fim de Janeiro em Addis-Abeba, admitiu recorrer a professores cabo-verdianos.
“Cabo Verde tem quatro mil professores e pode haver uma contratação”, disse o ministro angolano em declarações ao Jornal de Angola.
Sindicato reage
Na altura, a notícia não foi recebida muito bem pelo Sindicato dos Professores do Ensino Superior de Angola.
Em declarações à VOA, o presidente daquele sindicato, Carlinhos Zassala, considerou "um absurdo" o recurso a professores estrangeiros para o ensino da língua portuguesa quando o país tem muitos profissionais que não podem ser contratados por alegada falta de recursos financeiros e outros que não são promovidos pelas mesmas razões.