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Construção civil em crise em Angola


Estado continua sem pagar dívidas às empresas

A crise económica e financeira que atinge Angola está a deixar as empresas de construção civil em extrema dificuldades.

Na província da Huíla apenas cerca de dez das cerca de 60 empresas resistem no mercado, estando a maioria paralisadas com impacto no desemprego e nas famílias.

Para a associação dos empreiteiros de construção civil, a ausência de concursos públicos para adjudicação de empreitadas, a falta de pagamentos por parte do estado agudiza ainda mais a situação, segundo o presidente da agremiação, Luís Salvaterra.

Luís Salvaterra, presidente da Associação dos Empreiteiros de Construção Civil da Huíla
Luís Salvaterra, presidente da Associação dos Empreiteiros de Construção Civil da Huíla

“Uma grande das empresas tem faturas por serem liquidadas e isso já vai a mais de um ano que praticamente não há faturações. Então as empresas não tiveram outra solução senão paralisar a sua atividade, uma grande parte”, disse

Para o engenheiro civil Carlos Neto a paralisação de grande parte das empresas do sector da construção deve-se aos atrasados do estado que apesar de ser o maior cliente é também o maior devedor.

Para a saída do marasmo em que se encontram as empresas o especialista defende que o estado pague as dívidas certificadas.

“ A solução seria o estado realmente pagar as dívidas que estão certificadas porque um processo de certificação de dívidas de obras que foram já entregues em 2013, 2014 e que até agora muitas empresas não receberam”, afirmou

O presidente da associação dos empreiteiros de construção civil, Luís Salvaterra, não acredita que com enormes desafios que o país enfrenta no sector, empresas estejam a morrer no mercado e por isso aponta outras soluções.

“ Nós estamos a fazer uma análise e a identificação de alguns negócios que possam manter o normal funcionamento das empresas nomeadamente projetos diretores das comunas e municípios, urbanização dos municípios e comunas. Pretendíamos que as nossas empresas pudessem participar na elaboração, estudo e depois a sua execução”, disse

Quem sugere o regresso dos concursos públicos para a adjudicação de obras baseados em princípios de transparência é o também especialista em construção civil, Jeremias Echimba.

“ O nosso país está em construção e acho que se distribuíssem essas obras de forma equitativa as empresas que têm a sua legalidade e têm força e disponibilidade de trabalhar eu penso que muitas empresas de construção civil ainda continuariam firmes”, sublinou

O economista Altino Silvano defende que as empresas devem saber reinventar-se face ao novo contexto adverso e não olhar apenas no estado como o seu principal cliente, apesar das suas responsabilidades.

“ Nós entendemos que de facto o estado tem alguma responsabilidade enquanto regulador do mercado, mas eu penso que chegou o grande momento dessas empresas começarem a mostrar as suas criatividades de tal forma que consigam angariar uma ou outra coisa para que de facto elas não continuem paralisadas porque se depender totalmente do estado não tem como.”, acrescentou

A Voz da América tentou sem sucesso ouvir o gabinete local de desenvolvimento económico integrado.

A ministra das Finanças Vera Daves havia anunciado o início do pagamento dos atrasados no princípio do corrente ano, num procedimento, que visava garantir transparência ao processo de regularização de atrasados e desincentivar a prática de ações que prejudiquem o empresariado nacional.

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