O comércio transfronteiriço, que está a emergir como uma prioridade significativa para o desenvolvimento da economia moçambicana, será tema de destaque na reunião do Banco de Moçambique que se inicia nesta quarta-feira, 24, em Lichinga, na província nortenha do Niassa.
Não existem dados fiáveis, mas estimativas apontam para mais de 200 milhões de dólares de exportações e cerca de 400 milhões de dólares de importações, feitas através do comércio transfronteiriço.
Estima-se que entre 70 e 80 por cento dos comerciantes transfronteiriços sejam mulheres, e que 90 por cento destas mulheres dependam deste comércio como única fonte de rendimento.
Uma recente pesquisa do Banco de Moçambique indicou que esse comércio decorre com alguma fluidez, com o metical a ter um papel importante, o que faz com que grandes quantidades da moeda moçambicana fiquem em bancos dos países vizinhos.
O debate sobre o comércio transfronteiriço vai ocorrer numa altura em que várias correntes de opinião defendem a tributação de operadores informais, tendo em conta o facto de que o país se encontra muito informalizado.
O presidente da Associação dos Pequenos Importadores, Sudecar Novela, não se opõe à tributação, mas queixa-se de esquemas de corrupção montados em alguns postos fronteiriços, que diminuem a eficácia do Imposto Simplificado para Pequenos Contribuintes.
Em províncias que fazem fronteira com estes países, dezenas de mulheres moçambicanas cruzam, diariamente, as suas fronteiras, transportando produtos diversos para comercialização.