A inexistência de produção científica sobre a seca no sul de Angola é apontada por investigadores sociais como a causa do seu longo período de permanência e dos consequentes desastres que prejudicam a população.
As províncias do Cuando Cubango, Huíla e Cunene têm sido fustigadas por longos períodos de estiagem. Nos últimos 4 anos a situação agudizou-se deixando milhares de famílias em situação de calamidade. Muitas pessoas foram forçadas a emigrar para províncias vizinhas e Namíbia.
Nos Gambos, na província da Huíla, dezenas de pessoas morrem de fome e quem resiste socorre-se de frutos silvestres. Partilhar o bebedouro de água com o gado tornou-se uma situação normal neste canto de Angola.
Nos cálculos sobre os danos causados, no Cunene, o gado também tem sido afectado.
Críticos dizem que isto acontece sob o olhar impávido das autoridades, que apenas procuram medidas paliativas.
Preocupados com esta situação, os académicos entendem que o problema não pode ser visto apenas como sendo de âmbito político e social.
O Pesquisador Social, Nuno Dala, pensa que a resolução científica dos problemas sociais permitirá conhecer as suas causas.
Soluções paliativas não servem
O também Presidente da Associação Científica de Angola, cita como o exemplo o problema do paludismo, a primeira maior causa de morte no país. “A resolução dos problemas passa pelo esclarecimento da natureza deste problema (…) se nós investigarmos o problema do paludismo, vamos compreender as causas que concorrem para o elevado índice do paludismo a nível da população”.
Ele entende que a mesma metodologia pode ser aplicada ao desenvolvimento do país, do desafio do desemprego à seca no sul do território angolano.
Várias são as instituições que já se mobilizaram para a busca da solução para seca no sul de Angola. A União Europeia e bancos privados são algumas destas instituições com as quais se junta a Associação dos Comunicólogos de Angola, que tem um plano estratégico de comunicação elaborado para ajudar a encontrar a solução para seca no país.
O Presidente da ACAN-Associação dos Comunicólogos de Angola, André Sibi entende que até do ponto de vista da comunicação sobre o fenómeno da seca no sul de Angola um estudo científico é necessário fazer para que o problema seja resolvido.
Por sua vez, o Presidente da ACA-Associação Científica de Angola-Nuno Dala, pensa que soluções paliativas em nada vão ajudar na busca de solução.
Ele diz que “às vezes, transmite-se a ideia de que o Governo já resolveu e que o clima é que não está a cooperar. A região em referência faz parte de uma zona climática que naturalmente justifica as secas. É mandatório que o governo invista em tecnologias adequadas que permita com que haja água 365 dias ao ano”.