O comandante da Polícia Nacional na ilha do Sal, em Cabo Verde, Elias Silva, foi suspenso depois de ter defendido que os cidadãos devem ter acesso a armas para auto-defesa porque a lei é amiga dos criminosos a quem chamou de terroristas.
As declarações de Silva foi feitas à Rádio de Cabo Verde quando comentava a onda de assaltos a turistas e ao aumento da criminalidade na ilha.
O ministro da Administração Interno Paulo Rocha, que suspendeu o comandante, disse que a polícia não deve criticar as leis, mas sim respeitar as regras e cumprir as funções para quais está vocacionada.
A onda de assaltos a turistas e criminalidade no geral na ilha do Sal deixaram o comandante local da polícia nacional agastado, ao ponto de criticar as leis cabo-verdianas em matéria de justiça, e afirmar que os criminosos são “ terroristas” e que se devia permitir às populações o direito à auto-defesa.
As declarações de Elias Silva não caíram bem no seio das estruturas centrais da Polícia Nacional e do Ministério da Administração Interna, que afastaram o citado comandante das suas funções, além de lhe instaurar um processo disciplinar.
O ministro Paulo Rocha disse que a polícia não deve criticar as leis, mas sim respeitar as regras e cumprir as funções para quais está vocacionada.
Na verdade, diariamente, são relatados assaltos, alguns à mão armada, violação e outros tipos de criminalidades, situações que preocupam as populações e pessoas que visitam a maior ilha turística cabo-verdiana.
Para o analista político, António Ludgero Correia, a situação da criminalidade no Sal coloca preocupação e interpela a criação de condições para que a policia possa realizar da melhor forma a sua missão.
“Isso é fundamental, porque o juiz no tribunal para condenar necessita de provas e outros elementos devidamente elaborados”, realça Correia.
Apesar das preocupações do comandante, o analista entende que foram extemporâneas as suas declarações, porquanto não é esta a função da polícia, mormente as palavras ditas por um oficial superior.
Na mesma linha, o jurista João Santos considera que a situação de segurança no país e no Sal em particularexigem o reforço de mecanismos para que as autoridades policiais possam fazer com eficiência e eficácia o seu trabalho, visando o reforço da segurança.
No entanto, Santos diz que a função do comandante da polícia não se compadece com as declarações proferidas e podem contribuir para aumentar ainda a dose de insegurança.