O Banco Mundial reviu em baixa a previsão de crescimento de Angola para este ano, estimando agora uma expansão de 2,8%, menos 0,7 pontos abaixo do que apontava no relatório de Junho.
Esta previsão não inclui a decisão da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP) da semana passada de reduzir a produção de barris de petróleo para aumentar o preço do combustível.
Em Angola, economistas ouvidos pela Voz da América entendem que a decisão vai ter um impacto no consumo das famílias que deve cair quase para metade, como indica o próprio relatório do BM.
“Seria um grande impedimento para a resolução dos nossos problemas económicos e sociais”, considera o empresário e economista José Severino.
O também presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) sugere a exclusão de Angola da decisão da OPEP, apadrinhada pela Rússia e pela Arábia Saudita.
“Temos mais de que argumento suficiente para que possamos pedir uma exclusão dessa decisão porque seria muito mau para o nosso país. O crescimento demográfico do nosso país continua e se a economia não acompanhar esse crescimento nós vamos ter o aprofundamento da crise em que já estamos”, sugere Severino.
Neste cenário, o economista e académico João Maria Funzi Chimpolo defende a aposta na agricultura e noutras fontes de rendimento como uma das formas para se mitigar a queda do consumo interno.
Muitos países, acrescenta, "deverão continuar a enfrentar preços elevados para as importações de fertilizantes e combustível, apesar de abaixo do pico registado no ano passado".
Previsões
De acordo com as Previsões Económicas Globais, divulgadas em Washington, Angola deverá ter crescido 3,1% em 2022, recuperado face aos 0,7% de 2021 e acelerando depois de cinco anos de recessão, mas verá o seu crescimento abrandar este ano.
"Uma produção de petróleo e nível de receitas mais estável deverão sustentar a actividade na economia não petrolífera e ajudar a melhorar a posição orçamental, mas os preços mais baixos do petróleo, juntamente com as medidas de consolidação orçamental para reduzir a dívida pública, deverão pesar na despesa pública e restringir o crescimento", lê-se no relatório .
Por seu lado, a consultora britânica Oxford Economics prevê um crescimento de 2,3 por cento para Angola este ano, na sequência da expansão económica de 2 por cento registada no ano passado, essencialmente impulsionada pelo sector não petrolífero, que cresceu 4 por cento.
Num comentário aos números divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano no final do mês passado, que dão conta de uma expansão do PIB de 2,6 por cento no último trimestre e de 3 por cento no total do ano, os consultores escrevem que "olhando para 2023, a previsão aponta para um declínio na produção petrolífera, que vai impulsionar uma moderação modesta do crescimento económico para 2,3 por cento este ano, com a produção petrolífera a cair de 1,140 milhões de barris por dia em 2022 para 1,127 milhões este ano".
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