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Comércio livre em África é oportunidade e problema para Angola, dizem analistas económicos


Especialistas económicos angolanos avisam que a participação do país Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA, nas siglas em inglês) é uma mistura de oportunidades e de problemas para empresários que podem levar ao desaparecimetno de muitos deles.

Isto quando a União Africana (UA) se prepara para uma cimeira em Addis Abeba para discutir como “acelerar a implementação da Zona de Comércio Livre Continental Africana”.

João Lourenço em Addis Abeba para discutir zona de comércio livre -2:17
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O AfCFTA irá criar a maior zona de comércio livre do mundo medida pelo número de países participantes.

O pacto estabelece a ligação entre 1.300 milhões de pessoas em 55 países com um valor combinado do produto interno bruto (PIB) de USD 3,4 biliões.

Tem potencialidade para retirar 30 milhões de pessoas da pobreza extrema, mas a execucução do seu potencial pleno irá depender da adopção de reformas de políticas e de medidas de facilitação de comércio significativas.

Osvaldo Mboko, professor universitário e especialista em Relações Internacionais, explica que com uma zona livre de comércio, os empresários angolanos poderão aumentar a base de actuação aumentado a sua base de exportação, ou seja, deixarão de produzir para um número de 32 milhões e passaram a produzir para um número muito superior”.

Mas Mboko avisa com que a implementação da AfCFTA muitas empresas não preparadas vão desaparecer.

“Basicamente o país não produz, é um país que mais importa do que exporta e uma abertura desta dimensão pode acarretar consigo duas consequências do ponto de vista negativo: primeiro, o desaparecimento das pequenas e médias empresas angolanos, e segundo o Estado angolano servir de um mercado de escoamento de outros Estados”, disse Mboko.

Para se tirar vantagens da implementação de AfCFTA, segundo o politólogo Agostinho Maurício Sikatu, é necessário o país abrir-se à diversificação da economia.

"Criar-se zonas francas para atrair investimento, o país tem atracções turistas tem imensas zonas inexploráveis, é necessário o país abrir-se para atrair a diversificação econômica”, afirmou Sikatu.

O economista e investigador José Alfredo Sapi considera que o protecionismo é uma realidade porque os papéis do Estado e da classe empresarial não estão devidamente separados.

“A política protecionista vai continuar a encarecer e a apertar a vida do cidadão, porque, no fundo, quando se abrem as fronteiras para os outros países actuarem de forma livre, com políticas de preços diferenciadas, o consumidor final fica a ganhar”,

O presidente da Associação Industrial Angolana, José Severino, numa declaração a propósito da integração regional e a concessão do Corredor do Lobito, avisa que não se resolve um problema de economia interna com empresários descapitalizados.

Benguela e comércio livre com países vizinhos - 2:06
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A inserção de Angola na Zona de Comércio Livre da SADC, adiada há mais de 15 anos, esteve em discussão esta semana em Gaborone, Botswana, num encontro entre o secretário de Estado do Comércio, Amadeu Nunes, e o secretário executivo da Comunidade, Elias Magosi.

“Não podemos esperar pelo mercado da República Democrática do Congo, a região mineira de Katanga, muito menos da Zâmbia para este parque se dinamizar”, disse em referência à zona do porto do Lobito.

Para Severino tem que se “aumentar a procura interna, aumentando o poder de consumo das populações, o que passa muito pela empregabilidade”, salienta Severino, acrescentando que “se não há consumo a economia fica estagnada, precisamos de fazer mais”.

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