O papel do Presidente de Moçambique no processo das dívidas ocultas é questionado pelo Centro de Integridade Pública (CPI) que pergunta até onde Filipe Nyusi, na altura, ministro da Defesa, tem mãos limpas no assunto.
“Até que ponto o Presidente da República, ministro da Defesa na altura da contratação das dívidas, tem mãos limpas neste triste episódio da história de Moçambique", diz uma nota daquela organização não governamental que monitora a transparência da gestão pública no país.
"Alicerça este receio em relação ao Presidente da República o facto de, na página 20, o indivíduo F, que se supõe ser o recém-nomeado diretor-geral do SISE, referir não lhe ter sido entregue até hoje nenhum documento relativo às empresas Ematum, Proindicus e MAM", diz uma nota do CIP, alegando que “Lagos Lidimo pode ter mentido para proteger Filipe Nyusi do escândalo, uma vez que o Presidente da República é também o comandante em chefe das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
O CIP questiona ainda a falta de acção de Nyusi na suposta recusa do anterior diretor-geral do Serviço de Informação e Segurança do Estado (SISE), Gregório Leão, de passar informações sobre as dívidas ocultas ao seu sucessor, Lagos Lidimo, como diz o sumário executivo da auditoria da Kroll às dívidas, divulgado no dia 24.
O documento do CIP lembra que a auditoria estava nas mãos da Procuradoria Geral da República e pergunta “por que razão esta alta instituição do Estado tolerou as recusas do indivíduo A", tal como referido na auditoria, "em colaborar com a Kroll".
Aquela organização não governamental defende que o Chefe de Estado deve posicionar-se em relação aos poderes que a Constituição da República lhe confere, de nomear e exonerar o titular da PGR.