A cimeira Europa-África que arranca na Quinta-feira 17 de Fevereiro em Bruxelas está a ser vista com muito cepticismo por analistas angolanos que dizem que cimeiras do género pouco ou nada trazem para os países africanos.
O especialista Sebastião Vinte e Cinco diz que não há grandes expectativas em termos de resultados para os países africanos na medida em que grande parte destes são indisciplinados, vão despreparados para estas cimeiras, sem fazer o
seu trabalho de casa.
"Nós não estamos ainda disciplinados o suficiente quando nos apresentamos a estas cimeiras e esta indisciplina não deve ser imputada a terceiros, é problema nosso”, disse.
“Enquanto esta indisciplina prevalecer estas cimeiras e seus resultados diplomáticos não passam disso mesmo, serão sempre como um remendo novo em pano velho, para além de que internamente há uma espécie de sabotagem a eventuais vantagens que se podem tirar daí", acrescentou.
Osvaldo Caholo, professor de Relações Internacionais e Política Externa afirma que não ha nenhuma vantagem recíproca nestas relações entre ocidente e África, pois os únicos que beneficiam com estes acordos são as elites africanas.
"Angola anda neste tipo de cimeiras há 46 anos, tanto bilaterais como multilaterais e nunca houve benefícios na prática para as populações”, disse.
“Estes acordos trazem ganhos para as elites dos países africanos incluindo Angola, para o povo não se espera nada", acrescentou
Faustino Henriques outro professor universitário e especialista em relações internacionais pensa que Angola e outros países africanos devem participar destes eventos com outra motivação sendo mais activos e menos passivos.
Mas Henriques acredita que nalguma coisa Angola ganha com estas cimeiras.
"Os nossos países africanos devem ir a estas cimeira não apenas para ouvir dos europeus e cingir-se às recomendações destes e algumas vezes mesmo imposições,” disse.
“Devem igualmente levar na bagagem e apresentar o que estão a fazer e pedir aos europeus se tiverem disponibilidade para negociarem", disse.
Dados apontam que Angola está entre os dez principais parceiros africanos da União Europeia ocupando a oitava posição, captando cerca de seis porcento do investimento directo em África.
Angola far-se-á representar pelo vice presidente Bornito de Sousa.