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Cheias matam cerca de 200 pessoas na Nigéria


As inundações, atribuídas à falta de infra-estruturas e à má manutenção das barragens, mataram 185 pessoas e desalojaram 208 mil em 28 dos 36 Estados da Nigéria, informou a Agência Nacional de Gestão de Emergências numa atualização de sexta-feira, 30, desencadeando esforços frenéticos para evacuar centenas de milhares de pessoas para abrigos improvisados.

Todos os anos, a Nigéria regista inundações, sobretudo devido ao incumprimento das orientações ambientais e a infra-estruturas inadequadas. As piores inundações a que o país assistiu numa década ocorreram em 2022, quando mais de 600 pessoas morreram e mais de 1 milhão de pessoas foram deslocadas.

No entanto, ao contrário de 2022, quando as inundações foram atribuídas a chuvas mais fortes, a Agência Meteorológica da Nigéria previu chuvas atrasadas ou normais na maior parte do país este ano e disse que as atuais inundações eram mais um resultado das atividades humanas.

“O que estamos a fazer está a provocar estas alterações climáticas, pelo que há uma mudança em relação ao normal”, afirmou Ibrahim Wasiu Adeniyi, chefe da unidade central de previsões. “Há quem deite lixo indiscriminadamente, há quem construa casas sem aprovação ao longo dos cursos de água”, acrescentou.

A agência nigeriana de resposta a catástrofes alertou para o facto de as inundações poderem piorar nas próximas semanas, à medida que as águas das cheias descem para os estados do centro e do sul.

“As pessoas [nas zonas inundadas] têm de evacuar já (...) porque já não temos tempo”, declarou o seu porta-voz, Manzo Ezekiel.

Em Jigawa, o estado mais atingido, que registou 37 mortes, o impacto das inundações foi “devastador” e as autoridades estão a converter edifícios públicos e escolas em abrigos para os desalojados, segundo Nura Abdullahi, chefe dos serviços de emergência do estado.

Até ao momento, as inundações destruíram 107 000 hectares de terras agrícolas, especialmente nos Estados do Norte, entre os mais afetados e de onde provém a maior parte das colheitas do país. Muitos agricultores da região já não conseguem cultivar tanto quanto gostariam, quer devido à diminuição dos fatores de produção, uma vez que as famílias lutam no meio das dificuldades económicas da Nigéria, quer devido a ataques violentos que os obrigaram a fugir.

Consequentemente, a Nigéria tem o maior número de pessoas com fome do mundo, com 32 milhões - 10% do fardo global - a enfrentar fome aguda no país, de acordo com a agência alimentar das Nações Unidas.

Abdullahi Gummi, residente na área do conselho de Gummi, no estado de Zamfara, disse que as inundações destruíram as terras agrícolas da sua família, que são também a sua fonte de rendimento. “Gastámos cerca de 300.000 nairas [188 dólares] na plantação, mas desapareceu tudo”, disse Gummi.

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