O secretário de Estado americano iniciou nesta terça-feira, 27, o que chamou de “visita virtual” à África, a primeira de um membro da Administração Biden.
Antony Blinken vai manter encontros virtuais com dirigentes do Quénia e da Nigéria e deverá também pronunciar-se sobre outros temas da actualidade africana com interesse para os Estados Unidos.
No arranque, o chefe da diplomacia americana escolheu 10 líderes jovens africanos que participaram no programa Yali, criado pelo antigo Presidente americano Barack Obama em 2011, para uma conversa
Entre eles, Antony Blinken falou com o cabo-verdiano Pedro Lopes, antigo Yali e que também é secretário de Estado para a Inovação e Formação Profissional.
A conversa centrou-se nas redes sociais, sua importância, mas também no perigo de poderem contribuir para a erosão da democracia em África, “uma preocupação revelada” pelo chefe da diplomacia americana.
“Falamos sobre os desafios que a inovação e as redes sociais colocam para a erosão de países pequenos e a necessidade, talvez, de haver uma regulação mundial que protege os pequenos Estados como Cabo Verde”, afirmou Pedro Lopes em conversa com a VOA, depois da videoconferência com Blinken.
Os Estados Unidos, acrecentou Lopes, estão preocupados com este desafio, “numa nova arena em que as ameaças às democracias passam pelo mundo virtual, mas que tem um impacto forte na vida dos países”.
Embora a conversa não tenha sido entre governantes, porque Pedro Lopes foi escolhido como antigo Yali, o chefe da diplomacia americana mostrou-se aberto a encontrar formas de ajudar os países africanos, “talvez através da formação das pessoas, do aumento da literacia digital das populações, mas também, é óbvio, com a regulação para que as pessoas saibam que há limites nesta nova arena social”.
Este desafio é, segundo Lopes, muito actual e apontou a recente decisão do Twitter de “eliminar contas de alguns cidadãos nigerianos que estavam a tomar partido de um caso famoso que temos aqui em Cabo Verde através de ´fake news´”.
Nesse caso, acrescentou, “influencers com um milhão, dois milhões de seguidores contratados para diminuir o papel e a integração de Cabo Verde, e outros esforços que temos, o que ameaça a nossa democracia”.
Pedro Lopes alertou que essas ameaças apontam para todos os Estados e reforçou ser importante que os países que têm construído uma democracia como seu principal capital sejam protegidos.