Académicos moçambicanos dizem que o acordo de cessar-fogo agora assinado traz uma boa perspectiva para a harmonização da sociedade, tendo em conta que as hostilidades trouxeram um mal-estar a que os moçambicanos não estavam habituados há mais de 20 anos, mas poderá ter poucas implicações nas eleições de 15 de Outubro próximo.
Para o historiador António Eduardo, houve instabilidade social, "houve vidas humanas perdidas, houve mudanças de vida; é possível que algumas pessoas afectadas pelas hostilidades não voltem a viver como já vinham vivendo a partir de agora".
Na sua opinião, este acordo traz uma boa perspectiva em termos de harmonização da sociedade e pode significar a reposição da tranquilidade desejada e o reatamento dos projectos de desenvolvimento económico, social e cultural.
Contudo, Eduardo afirma que em termos de implicações nas eleições presidenciais, legislativas e para as Assembleias Provinciais de 15 de Outubro , não vê as coisas a retomarem o seu ritmo normal em pouco mais de um mês, para as pessoas, os candidatos e os eleitores, participarem com a devida propriedade neste pleito eleitoral".
Por seu lado, o sociólogo João Colaço diz que este acordo representa um ganho para os moçambicanos, mas afirma que, apesar da cessação das hostilidades, coloca-se um outro desafio.
"Julgo que falta o desafio da despartidarização do Estado; este é um processo, porque não se vai despartidarizar o Estado apenas do ponto de vista de decreto. Penso que vai ser importante que haja uma mudança cultural por parte dos moçambicanos, sobretudo os que estão na gestão da coisa pública, porque o objectivo das instituições do Estado é o bem servir ao público, independentemente das suas origens político-partidárias", destacou aquele académico.