Mais de 1800 antigos funcionários da empresas Eremista, Egrosbal, Emprotel e Egrosbind do extinto Ministério do Comércio Interno em Malanje aguardam há mais de 10 anos por reforma e integração no sistema de prestação social do Instituto Nacional de Segurança Social (INSS).
O problema que se arrasta desde 1992, ano em que foram extintas as referidas Unidades Económicas Estatais (UEE) é do conhecimento do actual presidente da República que em Abril do ano em curso passou as responsabilidades ao ministro demissionário da Indústria e do Comércio para o tratamento da questão.
O não pagamento de indemnizações e a aposentação por tempo de serviço ou por idade afecta milhares de ex-trabalhadores daquele sector em todo o país. As idades variam entre 50 à 90 anos.
A nível de Malanje, o porta-voz da comissão, Manuel Adão Francisco diz que a situação social de muitas famílias dos 1.833 trabalhadores catalogados, dos quais 618 do sexo feminino e 1.215 masculino é lamentável.
“No dia 3 de Abril do corrente ano 2023, fixemos uma carta dirigida ao Presidente da República, [João Lourenço] este por sua vez em menos de 15 dias deu-nos a resposta. Procedeu o assunto ao Ministério do Comércio, propriamente o gabinete do ministro da Indústria e Comércio, e apenas o ministro durante 90 dias remeteu-se ao silencio”, disseu.
Mais de cem pessoas já faleceram até ao presente ano 2023 e outros continuam doentes e sem quaisquer apoios.
“Dos trabalhadores que nós temos cadastrados no nosso arquivo, temos acima de 100 boletins de óbito. Se nós voltarmos a escrever para o ministro, quer para o Presidente da República esta carta vai anexa com os boletins de óbito”, reiterou.
Marcelina Francisco, 73 anos de idade é viúva de um dos trabalhadores falecido e acredita que o assunto deve ser resolvido ao nível do chefe do poder executivo.
“Andava a fazer o trabalhão das lavras, mas por causa das doenças e a hipertensão todo o tempo não consigo mais e estou mesmo a passar mal por acaso, pedimos ao senhor Presidente que olhe para a nossa situação de maneira que se encontra neste país”, lamentou.
Tomás Quissanga, 86 anos de idade, ex-funcionário da Empresa Retalhista (Eremista), admite que o governo angolano nunca se importou com os quadros que no passado sustentaram a vida do país.
“Este trabalho que fizemos não tem nenhum fim, o que o governo quer de nós afinal de contas? Quê está a pensar de nós? Temos filhos, temos mulheres para sustentar, quem está velho não come mais? Não pode sustentar o filho?” Questionou, ampliando “nós não estamos a pedir esmola, mas estamos a pedir o nosso subsidio de trabalho”.
A VOA em Malanje contacto a direcção da União dos Sindicatos locais, ma sem qualquer subsídio, porquanto os arquivos do então sindicato do comércio não figurava no leque de documentos da União Nacional dos Trabalhadores Angolanos (UNTA).
O número exacto de ex-funcionários das empresas do Comércio Interno nesta província pode ultrapassar os mais de três mil, muitos abandonaram a região em consequência do conflito armado pós-eleitoral e desconhece-se o referido paradeiro.
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