A escassos dias da abertura oficial do ano lectivo de 2018 em Angola, na província da Huíla alguns números do sector da educação são preocupantes.
Estima-se que mais de 100 mil crianças possam ficar fora do sistema de ensino e cerca de 30 por cento dos alunos do primeiro nível deverão estudar ao relento.
A pouca disponibilidade de salas de aulas e o défice de professores que se aproxima aos três mil são as principais razões do problema, diz o director provincial da Educação, Américo Chicoti.
"Ainda estamos muito aquém da demanda que se faz sentir a cada ano que passa. Houve um concurso em 2016 daquilo que era a nossa expectativa inicial só foram admitidos 461 candidatos ainda ficamos com um défice por preencher de mais de 2 mil professores. E se tivermos em conta que de lá para cá muitos colegas passaram a reforma e outros deixaram o sector por vários condicionalismos esse número quase vai se aproximar outra vez aos três mil", diz Chicoti.
Para o Sindicato Nacional de Professores (SINPROF) na Huíla os problemas levantados pelos responsáveis do sector podiam ser minimizados com mais diálogo.
"Se faltam salas de aulas,há escolas que foram construídas em áreas em que não seriam necessárias porque a construção de escolas também deve merecer um estudo de viabilidade. Onde é que há necessidade, onde é que temos população que precisa de escolas, isso é importante fazer?, questionou João Francisco.
Para o docente de Finanças Públicas, Samuel Candundo, a educação devia ser vista como um sector vital para o desenvolvimento do país e estes problemas suscitados decorrem de erros estratégicos anteriores.
"Ao longo dos anos eu acho que foi das áreas onde se não que se prestou pouca atenção, mas se calhar a estratégia da forma como foi abordado não foi a melhor.»
O Governo da Huíla disse ter construído no quadro do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2017 que ficou longe da execução financeira desejada por conta da crise e consequente impacto no sector social, 49 salas de aulas que beneficiaram cerca de quatro mil alunos.
O ano lectivo de 2018 em Angola abre nesta quarta-feira, 31, na vizinha província do Namibe num acto a ser orientado pelo Presidente da República, João Lourenço.