Centenas de famílias camponesas da Ganda, a cerca de 200 quilómetros de Benguela, fazem face a uma crise alimentar devido à seca.
A estiagem afecta mais de trinta associações camponesas, que terão de apostar nas chamadas ‘’culturas de fome’’, entre as quais a batata-doce e as hortícolas, se chover na segunda época.
‘’A falta de chuva trouxe um prejuízo muito horrível, já que todos os cereais estragaram”, disse um dos camponeses à Rádio Benguela.
“Não colhi nada, perdi milho e ginguba’’, lamenta o produtor que perdeu 12 hectares.
Estas queixas, feitas à Rádio Benguela, são as mesmas de há 15 anos, quando o Governo prometia investir em infraestruturas para garantir reservas de água.
A estiagem afecta mais de 30 associações camponesas que terão de apostar nas chamadas ‘’culturas de fome’’, entre as quais a batata-doce e as hortícolas, se chover na segunda época.
O activista e agrónomo José Patrocínio refere que as políticas públicas prejudicam a classe camponesa
‘’Temos esta perspectiva de olhar para grandes áreas, lá onde estão os grandes agricultores”, disse, para continuar que "esquecemo-nos da contribuição da maioria, que são os camponeses, que ocupam áreas não tão grandes, por isso prontas para receber pequenos investimentos para acções que garantam reservas de água’’.
O deputado da UNITA e também agrónomo Victorino Nhany lembra que os orçamentos para a agricultura continuam 8 por cento abaixo dos 10 por cento estabelecidos na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC)
‘’Isto significa que não há vontade para a diversificação, no caso, digo, vontade para se investir na agricultura familiar”, afirmou Nhany, que destaca o facto de o país ter uma enorme reserva de água, mas, reitera, "lamentavelmente, não olhamos para os pequenos camponeses, que são o garante da segurança alimentar’’.
Dados disponíveis indicam que a agricultura familiar ocupa 90 por cento das terras cultivadas, ao passo que os empresários, apontados como a prioridade para o Executivo, têm apenas 10 por cento da área.