Uma delegação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) chega à Guiné-Bissau neste domingo, 23, com a missão de mediar a crise política centrada no fim do mandato do Presidente da República e as eleições legislativas e presidenciais.
Tanto Umaro Sissoco Embaló, atual Presidente da República, como partidos que o apoiam têm defendido que o mandato presidencial termina apenas em setembro, cinco anos depois da confirmação da sua vitória pelo Supremo Tribunal de Justiça, enquanto quatro dos cinco partidos presentes na anterior Assembleia Nacional Popular, dizem que termina a 27 de fevereiro, dia que em que se completam cinco anos da sua posse.
O analista Tcherno Amadu Baldé considera que a iniciativa da CEDEAO é positiva, contudo chega tarde porque a crise na Guiné-Bissau está no seu ponto mais alto.
"Não estamos a falar só da organização de eleições presidenciais que já vimos que vai acontecer fora de prazo, mas também de um país (...) onde o Presidente da República decide deitar abaixo a Assembleia Nacional Popular", explica.
Baldé considera esta missão da CEDEAO mais técnica e defende que a responsabilidade pesa também para a oposição guineense, que na sua sua opinião, deve ser mais activa na sua pressão para uma solução.
Sobre os próximos passos em meio a esta crise, o analista diz que a solução passa por se chegar a um consenso e marcar-se a data das eleições, que favoreça a todos os atores envolvidos no processo eleitoral.
"As eleições livres e justas e transparentes não acontecem só num dia. Há todo um processo", afirma Baldé, justificando que apesar de não ter marcado a data das eleições, o Presidente da República é o único que consegue fazer uma campanha, direta ou indiretamente, os outros partidos e grupos não conseguem se manifestar ou fazer comícios sem repressão.
Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde) e da coligação PAI-Terra Ranka - que se prepara para concorrer novamente às presidenciais - defende a substituição imediata e interina do Chefe de Estado pelo presidente da Assembleia Nacional Popular.
O antigo Presidente guineense, José Mário Vaz, antecessor de Sissoco Embaló, foi o primeiro a conseguir terminar o mandato no país, mas sem eleições marcadas.
À semelhança do que aconteceu há cinco anos, também agora ainda não foram convocadas eleições para novo Presidente.
A delegação da CEDEAO é composta pelo antigo ministro de Estado e Negócios Estrangeiros da Nigéria, Bagudu Hirse, e mais sete altos responsáveis e estará no país até sexta-feira, 27.
O grupo manterá reuniões com entidades políticas sobre a atual situação do país e irá procurar condições para o processo eleitoral.
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