O Carnaval em Angola celebrou o seu acto central central em Luanda, com presença do Presidente da República, João Lourenço, e em que 13 grupos disputaram o titulo de melhor grupo deste ano.
O resultado apenas amanhã vai ser conhecido.
Sobre a forma como se celebra aquela que é considerada a maior manifestação cultural dos angolanos, agentes culturais e analistas dizem que o Carnaval perdeu muito da essência que a caracterizava, perdeu-se a espontaneidade do Carnaval de rua que passou a ser mais politizado.
O observador de questões sociais e culturais Tunga Alberto, que pela idade teve a oportunidade de vivenciar o Carnaval que se fazia antes da independência em 1975, sublinha que praticamente a espontainedade de se brincar o Carnaval
de rua, desapareceu.
"Hoje em nenhum bairro em Luanda você verifica gente a brincar o carnaval como nos anos 1970”, disse, acrescentanto que “este ano então acho que foi o pior, nota-se uma grande desmotivação que atingiu todas as faixas etárias da nossa população pelo carnaval".
O jornalista Fortunato Cabina, que faz coberturas carnavalescas desde a década de 1980, defende a independência dos grupos de Carnaval do poder político.
"Para que o nosso Carnaval volte à essência, devem se tornar autónomos e esta iniciativa deve partir do próprio estado que habituou os grupos a serem reféns”, afirmou Cabina, que sugere que "os bancos poderiam ser orientados a conceder créditos aos grupos, para que estes, com os empresários das próprias comunidades tenham vida própria”.
Ele apontou o facto de "a gente sair de casa, até à nova marginal local do acto central você não vê ninguém mascarado nas ruas”.
Aquele jornalista diz sentir-se triste pela imagem levada do país por alguns turistas estrangeiros que procuram assistir ao caarnaval angolano.
"Ontem eu vi a presença de alguns norte-americanos, ingleses e de outras nacionalidades que vieram ver o nosso cCarnaval e que saem desiludidos! Levam esta imagem de pobreza, falta de investimento e claro perguntam-se como é possível um país destes que tem tanta riqueza como petróleo e outros recursos e os grupos ainda se apresentam assim?”, conclui.
Outro amante da cultura, em particular do Carnaval, Analtino Santos diz que o caracter espontâneo do carnaval perdeu para a politica.
"Ha infelizmente muita politização, as mensagens ainda continuam a determinar grande parte das canções dos grupos carnavalescos, saindo pelas ruas de Luanda desapareceram as figuras mascaradas, o carácter mercantilista tomou conta das festas de Carnaval, muita coisa se perdeu, sinto haver muito mais falácia que propriamente a maior manifestação cultural dos angolanos", afirmou Santos.
O principal desfile do carnaval do país disputa-se em Luanda, onde participam 13 grupos que concorrem a um prémio de cinco milhões de kwansas, aproximadamente 10 mil dolares.
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