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Caos no sistema de Saúde de Angola pode ter consequências imprevisíveis


Hospital Materno-Infantil de Malanje, Angola
Hospital Materno-Infantil de Malanje, Angola

Sindicato dos Médicos de Angola e analistas antecipam colapso do sistema

O colapso do sector da Saúde em Angola pode estar a ocorrer fora do controlo das autoridades.

A opinião é do Sindicato dos Médicos de Angola e de analistas, no momento em que o Governo reconhece dificuldades, mas procura tranquilizar os mais cépticos.

A entrada e circulação da segunda vaga em Angola da Covid-19 e o registo de casos das novas variantes do vírus estão longe de ser as principais causas do caos que pressiona o sistema nacional de saúde no país, segundo analistas.

Pelo contrário, a crise sanitária que assola a generalidade dos países
no mundo só veio destapar e acelerar, ainda mais, as debilidades que
o sector enfrenta, de um tempo a esta parte.

Nos últimos dias, são vários os relatos, um pouco por todo o pais, que confirmam a superlotação dos hospitais, a ruptura dos stocks de medicamentos e de material consumível.

Um quadro que, segundo especialistas do sector, é acompanhado por um cortejo de vítimas mortais que superam os números das fatalidades causadas pela pandemia da Covid-19.

O Sindicato dos Médicos de Angola já havia alertado, no principio do mês, para a possibilidade dos hospitais em Angola estarem à beira de um caos sem precedentes.

Os profissionais do sector lançaram um grito de socorro diante a uma média de 50 pessoas mortos diariamente nos hospitais de Luanda, na maioria dos casos por falta de medicamentos.

O sindicato reporta também as enchentes de doentes nos corredores dos hospitais que, na sua maioria, estão sem capacidade para atender a demanda, cuja pressão tem causado muita sobrecarga, entre os profissionais de saúde.

As doenças diarreicas agudas, a malária, o paludismo e a má nutrição
apresentam-se com as principais patologias que afectam a maioria das
famílias, sobretudo aquelas de baixa renda que vivem em comunidades precárias.

Outro fenómeno que assola os angolanos tem que ver com a fome
gritante, que está a obrigar muitas famílias a recorrer aos contentores
de lixo para se alimentarem, transformando-se em potenciais futuros
doentes.

Especialistas em saúde pública têm chamado a atenção das autoridades para as consequências que já eram previsíveis, em virtude das prioridades do sector da saúde terem sido, exclusivamente, canalizadas para a
prevenção e combate da pandemia, em detrimento da prevenção de
doenças endémicas que, todos os anos, assolam várias comunidades.

Na Janela de Angola, para falar sobre o tema, a VOA ouviu o médico Adriano Manuel, presidente do Sindicato dos Médicos de Angola, e os analistas Eugenio Clemente e Lito Silva.

Acompanhe aqui:

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