A um dia do início de mais uma reunião do Comité Central da Frelimo, partido no poder em Moçambique, começa a ganhar forma a discussão sobre o candidato presidencial às eleições gerais de 9 de outubro.
Samora Machel Júnior anunciou a sua candidatura para as internas do partido e a Organização da Mulher Moçambicana (OMM) já definiu o perfil do próximo dirigente.
Mas o tema, até agora, não está na agenda da reunião.
O braço feminino do partido no poder OMM deu na quara-feira, 3, o primeiro passo e traçou o perfil daquele que quer ver como o rosto dos camaradas para as próximas eleições presidenciais,.
Isaura Nyusi, presidente da organização, deu o mote e numa mensagem para dentro do partido apontou o caminho e defendeu a necessidade de se conhecer o candidato de Frelimo.
“É desejo de todo o cidadão moçambicano ter uma escolha genuína do candidato a Presidente da República, para nortear o destino deste belo Moçambique. É nossa responsabilidade conhecer melhor o histórico pessoal, profissional e Político do candidato, sua postura ética e a forma como ele se relaciona com a sociedade, como forma de assegurar a herança de uma boa governação e com é óbvio, desenvolvimento do país” disse a primeira-dama, apontando a seguir, o perfil que a OMM deseja.
“O nosso candidato deve ter o perfil do povo para o povo, evitando o processo de mercantilismo e vaidade pessoal”, concluiu Isaura Nusi.
Até há uma semana, a narrativa do partido era de que a escolha do candidato estava fora da agenda da terceira sessão do Comité Central, contudo, quando faltam dois dias para o arranque, a retórica mudou de tom.
Admite-se que o assunto se tornou incontornável, mas, para já, oficialmente, ainda não há candidatos.
“Ainda não há nenhum nome avançado, como temos estado a dizer”, disse Ludmila Magune, a porta-voz do partido, sinalizando a possibilidade da Comissão Política da Frelimo, tomar alguma decisão sobre o assunto.
“Samito” adianta-se
Enquanto isso, Samora Machel Jr. quebrou os protocolos e anunciou a sua candidatura para as internas do partido.
Através de um manifesto que tornou público através das redes sociais e da imprensa nacional, o primogénito de Samora Machel, primeiro Presidente de Moçambique, anunciou a sua pretensão de liderar o partido nas eleições de outubro, sendo o único que, até ao momento, se manifestou.
“A minha candidatura é fundamentada nos princípios da busca pela paz, pelo respeito pela diversidade e pela diferença, promoção da inclusão e igualdade, dignidade humana e assegurar o crescimento económico de Moçambique para garantir um ambiente propício ao desenvolvimento económico e social, com especial atenção à criação de empregos para jovens e assistência aos mais necessitados. A minha candidatura é um misto de inquietações, mas também de esperança, visando dar respostas aos problemas e desejos dos moçambicanos”, indica o manifesto de Samora Machel Jr.
Num debate promovido na quarta-feira, 3, pelo Centro de Integridade Pública, o politólogo José Jaime Macuane classificou a atitude de Samito, como é carinhosamente tratado Samora Machel Jr, de um passo estratégico.
“Eu tenho a impressão de que, na correlação de forças, este passo é um passo estratégico de quem, eventualmente, sinta que, a não ser que seja ousado e dê este passo, estaria em desvantagem”, sustentou Macuane.
Refira-se que ao nível da imprensa, há mais de cinco nomes de prováveis presidenciáveis que circulam, entre os quais, a antiga primeira-ministra, Luísa Diogo, os antigos ministros do Interior, José Pacheco e Basílio Monteiro, e o atual titular da paste da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia.
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