A televisão norte-americana Arts and Entertainment (A&E) decidiu cancelar um reality show sobre o grupo racista Ku Klux Klan menos de uma semana antes da estreia.
O jornal "The Washington Post" afirmou nesta segunda-feira, 26, que um porta-voz da A&E indicou que a decisão foi tomada após a notícia que os produtores do programa, que não são funcionários da rede de televisão a cabo, tinham efectuado pagamentos para "garantir" acesso aos participantes do grupo racista.
Pagar os participantes viola a política da emissora.
A primeira temporada da série, de oito capítulos, iria estrear no início de Janeiro.
Após o anúncio, muitos criticaram a A&E por considerar que um programa desse tipo proporcionaria uma visão de "normalidade" sobre o grupo racista.
Segundo a emissora, a finalidade do programa era apresentar um olhar sério e próximo dos esforços de sectores que fomentam a tolerância por "ajudar as pessoas a abandonar o Ku Klux Klan", um grupo racista que historicamente fomentou o ódio e a violência contra os afro-americanos e outras minorias nos Estados Unidos.
"Tínhamos garantido ao público e aos parceiros fundamentais, como a Liga contra a Difamação, que não pagamos membros de grupos de ódio e achávamos que era assim quando fizemos", disse a emissora.
Apesar de algumas redes de televisão aceitarem que as produtoras paguem aos participantes de seus reality show, a A&E disse não permitir essa prática quando o programa tem personalidade de documentário.
A série, intitulada "Geração KKK", mostrava de dentro do grupo a vida de quatro destacadas famílias do Klan.
Um dos seus membros tenta abandonar a organização racista e o programa mostra o papel de activistas a favor da tolerância para ajudá-los.
De acordo com os críticos da série, a estreia em Janeiro seria especialmente inoportuna depois das eleições de Novembro, vencidas pelo republicano Donald Trump, que defendeu um discurso nacionalista, contrário à imigração e às minorias.
Após o acto de 8 de Novembro, foram vários os ataques de grupos neofascistas contra imigrantes, latinos, muçulmanos, negros e homossexuais, atribuídos pelas organizações sociais ao tom do discurso do Presidente eleito durante a campanha.