No rescaldo da libertação dos sete activistas presos no Lobito, na província de Benguela, a Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS) critica a indiferença da sociedade civil em relação à campanha de recolha de fundos para o pagamento da multa, substituída por um gesto do Grupo Parlamentar da Unita.
Detidos na sequência de protestos contra a falta de água, os jovens foram devolvidos à liberdade na terça-feira, 9, ao cair da tarde, mediante o pagamento dos 500 mil kwanzas resultantes da conversão da pena de cinco meses de prisão aplicada pelo Tribunal de Comarca.
Até ao momento da libertação dos membros do auto-denominado Movimento Revolucionário, não havia na conta bancária da AJS um único kwanza proveniente da campanha de recolha de fundos, lançada dois dias antes.
Movido pela indiferença da sociedade civil ou por outro motivo, o Grupo Parlamentar da Unita, por iniciativa do seu líder, Adalberto Costa Júnior, e do vice-presidente do partido, Raúl Danda, custeou as multas e os emolumentos.
À VOA, ainda esperançado numa resposta ao apelo, o activista cívico Júlio Lofa, em nome da Associação Juvenil para a Solidariedade, disse que o significado seria outro se a libertação fosse por conta da campanha.
‘’Se chegar qualquer coisa não vamos usar para a soltura, porque já aconteceu. Vamos, provavelmente, enviar para outras causas, por exemplo as pessoas que sofrem no Cunene. Mas eu queria dizer que temos de nos envolver nos processos, não esperar por um capitalista. Os ‘manos’ foram detidos por manifestação em nome de um bem colectivo. Era melhor que conseguíssemos com os nossos bocados’’, sustenta Lofa.
A olhar para o dia seguinte, até porque ficou a promessa de manifestações sempre que houver necessidade, o advogado Chipilika Eduardo aumentou o tom da crítica devido ao que chama de espectáculos não recomendáveis.
’Existiram muitos erros. Estamos a falar da questão da não pessoalização dos crimes, não verificação do grau de participação e ter uma sentença injusta e não recomendável. Condicionar a liberdade ao pagamento da multa foi das coisas mais absurdas que já vimos em Direito’’, aponta o jurista.
Terminada a controvérsia, fica a garantia de que o Governo de Benguela, segundo o mais alto responsável, Rui Falcão, já tem dinheiro para as obras que levarão água à zona alta da cidade do Lobito.