Cerca de 7 mil soldados de Camarões e do Chade se posicionaram na fronteira norte de Camarões com a Nigéria, prontos para combater os extremistas islâmicos do Boko Haram. Entretanto os soldados têm dificuldade em operar na fronteira do território nigeriano.
Soldados do Chade e dos Camarões realizam treinos conjuntos em Fokotol, na fronteira a norte entre os Camarões e o Estado nigeriano de Borno, onde se situa a base principal do grupo islâmico extremista Boko Haram.
É de Fokotol que os soldados do Chade organizam ataques às cidades da Nigéria tomadas pelo Boko Haram e também ajudam os Camarões a proteger o seu território dos militantes que lutam para criar um califado islâmico.
O capitão camaronês Beltus Kwene, que supervisona os treinos, diz ser imperativo para as forças armadas dos dois países conhecerem-se mutuamente para prevenir que o inimigo Boko Haram penetre nos seus territórios.
Kwene afirma que no início, os militantes do Boko Haram tiveram acesso ao território de Camarões por causa da confusão que eles tiveram ao identificar soldados do Chade. Ele afirma, entretanto, que tiveram sucesso em repelir os insurgentes.
Os soldados fazem turnos para proteger a ponte sobre o rio Elbeid que separa Fotokol da cidade nigeriana de Gambarou. Os militantes do Boko Haram ocuparam a cidade por diversos meses antes de os soldados do Chade os perseguir no início do ano passado. Os soldados dizem que milhares de pessoas morreram.
Richard Ti é um soldado camaronês que integrou a operação para salvar a cidade de Gambarou dos integrantes do grupo extremista. Ele diz que eles tentaram evitar matar civis porque sabem como identificar os membros do Boko Haram.
“Eles têm o seu jeito de se vestir e sempre andam em grupos armados com foguetes e metralhadoras. A população colabora com a nossa operação, e se houver algum inimigo no quarteirão, eles nos dizem", conta.
O capitão Ibrahim Njanko, das forças militares camaronesas, diz que os integrantes do Boko Haram parecem não se sentirem incomodados pela enorme presença das tropas do Chade e de Camarões na área da fronteira. Ele diz que os rebeldes vêm pelas montanhas para atacar Kolofata, onde está situada uma das principais bases da operação militar.
Njanko afirma que os insurgentes têm demonstrado uma forte resistência. Ele afirma que eles desenvolveram novas estratégias e agora estão utilizando também minas terrestres.
Oito soldados camaroneses morreram em Fevereiro quando uma mina explodiu entre as cidades de Kolofata e Kerewa. Elvis Medumbe conta que isso não o deixa com medo de lutar contra o Boko Haram.
"Nós estamos à espera agora para ver o que eles irão fazer, mas nós estamos prontos para qualquer situação. Nós estamos sempre prontos. O Governo nos ajudando, então nós estamos preparados para lutar contra o Boko Haram, e nós iremos derrotá-lo”, conclui.
Camarões receberam treinos e equipamentos dos Estados Unidos e da Rússia para ajudar a detectar e destruir minas terrestres.