Cabo Verde sempre foi um país virado para a emigração.
Num primeiro momento, as pessoas emigravam para fugir à fome devido às agruras das secas que fustigavam o arquipélago, mas nos dias de hoje muitos procuram oportunidades de emprego e melhores condições de vida noutras paragens.
Este ponto de vista é defendido pelo professor de economia, José António Fernandes, e pelo investigador Francisco Carvalho, em conversa com a VOA, a propósito do estudo feito pela Afrobarometer, segundo o qual a maioria da população, cerca de 57%, considera a hipótese de imigrar.
Em concreto, 37 por cento dos inquiridos responderam que têm pensado “muito” em emigrar, enquanto 20 por cento já pensaram "algumas vezes" nessa possibilidade e 42 por cento não ponderam a emigração como alternativa.
Entre os jovens dos 18 aos 25 anos de idade, 53% consideram “muito” a hipótese de mudar para outro país.
Questionados sobre eventuais planos para viver fora de Cabo Verde, o estudo divulgado pelo jornal Expresso das Ilhas indica que seis por cento dos inquiridos preparam-se já, 19% ponderam fazê-lo dentro de um ou dois anos, 32 por cento ainda não tem planos concretos.
Crescimento insuficiente
Para o docente da universidade pública, José António Fernandes, o fenómeno migratório praticamente faz parte da vida do país, que, apesar de estar a se desenvolver, "ainda não consegue proporcionar oportunidade de emprego e melhores condições de vida que muitos almejam".
Fernandes lembra que o país possui muitos jovens com formação técnica e superior, que, sem emprego, optam pela emigração à procura de melhores condições.
A mesa tese é defendida pelo investigador Francisco Carvalho, que acrescenta ainda a particularidade de "cerca 60 por cento de quadros médicos que se formaram no estrangeiro não regressaram ao país".
Carvalho diz que enquanto Cabo Verde não oferecer melhores condições de trabalho e outras oportunidades, a emigração será sempre a via a optar por muitos cidadãos nacionais.