Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) indicam uma tendência para a diminuição da pobreza entre o primeiro e segundo trimestre do corrente ano, mas analistas económicos e políticos dizem que no dia a dia a realidade parece ser diferente.
Eles pedem mais medidas de política para que a tendência seja mantida.
As estimativas do INE apontam para uma taxa de pobreza global de 22,2% no primeiro trimestre e de 20,2% no segundo.
No que se refere à pobreza extrema, a taxa foi de 11,8% no primeiro e 9,4% no trimestre seguinte, com maior percentagem no meio rural.
Sem querer duvidar dos resultados do estudo, o economista José Carlos Teixeira diz que a realidade do dia a dia aponta para mais dificuldades no seio das famílias, devido à falta de chuvas, aumento dos preços dos bens e ausência de aumento salarial.
“Face às secas prolongadas ao longo dos anos, ainda mais o efeito dos preços tem sufocado as famílias sobretudo os rendimentos… os números um pouco contradizem a realidade, daí a necessidade de um estudo mais aprofundado que traga mais detalhes que possam ser analisados”, acrescenta Teixeira.
Para combater a pobreza no meio rural, onde a pobreza é maior em relação ao meio urbano, aquele professor universitário entende que as autoridades públicas devem direcionar politicas duradouras, como “dessalinização da água para o consumo e desenvolvimento da atividade agrícola e da pecuária”.
O antigo ministro e analista político José Antonio Reis , por seu turno, considera que, pela essência do estudo, a redução da pobreza pode estar relacionada com a atribuição da pensão social de rendimento a mais cidadãos no quadro do orçamento de estado em vigor.
“Tem havido uma preocupação do Governo em integrar muitas pessoas no sistema de pensão social único para saírem da pobreza extrema… relativamente ao rendimento no geral não sei quais foram os dados que puderam sustentar estes resultados, uma vez que não tendo havido aumento de salários e outras formas de transferências para que o aumento de rendimento tivesse lugar”, afirmou Reis.
Ele realça ainda que o país só poderá reduzir os maiores índices de pobreza "quando começar a produzir mais riquezas", daí ressaltar "a necessidade de se aumentar a produtividade nacional".
O IV Inquérito às despesas e Receitas Familiares do INE é uma operação estatística com o objetivo de conhecer o nível e a estrutura das despesas de consumo e do rendimento.
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