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Cabo Verde: TACV demora a levantar voos e críticas sucedem-se


Sede da TACV, Praia, Cabo Verde
Sede da TACV, Praia, Cabo Verde

Comissão Parlamento de Inquérito ouve pessoal de cabine e accionista pedir medidas urgentes

A companhia de bandeira de Cabo Verde, TACV, continua numa profunda crise, sem garantir qualquer regularidade de voos. Aliás tem uma rota apenas, um avião alugado e muitos problemas para conseguir decolar.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito criada para analisar a empresa, ouviu nesta semana o principal accionista privado nacional e o Sindicato do Pessoal Navegante de Cabine pedirem investimentos urgentes para a aquisição de novos aparelhos, relançamento do plano de negócios e melhoria da imagem e serviços prestados pela TACV.

A empresa passou por um processo de privatização mas voltou a ser nacionalizada pelo Governo que alegou incumprimentos por parte de investidores islandeses.

Após a paralisação devido à pandemia da Covid, a compainha, já sob a gestão estatal, retomou as operações para Lisboa, a única rota com um aparelho alugado à companhia angolana TAAG, mas ainda continua a voar num céu de dificuldades, situação que levou a administração a anunciar a necessidade de se proceder a um novo emagrecimento do pessoal, propondo a saída de 40 trabalhadores.

O Executivo afirma que tem vindo a injectar novos recursos financeiros para garantir a manutenção da companhia que considera importante para o país que possui comunidades emigradas espalhadas por várias partes do mundo.

Mas os colaboradores querem medidas sustentáveis e urgentes visando relançar a imagem e o serviço prestado pela transportadora área nacional.

Ao ser ouvida esta quarta-feira na CPI que analisa a gestão dos TACV desde 2016, a presidente do Sindicato do Pessoal Navegante de Cabine, Carla Veiga, manifestou a preocupação dos trabalhadores pelo futuro, daí ter pedido medidas e investimentos.

"Há necessidade de se ter uma estratégia clara, injectar dinheiro e apresentar um plano de negócios que justifique, sem esquecer a aposta na aquisição de frota, porque não será apenas com um avião e a única rota para Lisboa que vai incrementar e sustentar os TACV", avançou a sindicalista.

"Ser gestor não basta"

Victor Fidalgo, maior accionista privado, com seis por cento de acções, também mostra-se preocupado com a situação da empresa, e, por isso, reforça a ideia de se implementar novas medidas.

Outro aspecto que considera fundamental prende-se com a necessidade da companhia aérea cabo-verdiana ter uma gestão mais profissionalizada, formada por gente com profundo conhecimento da aviação comercial.

"Não basta apenas ser gestor ou possuir alguma experiência numa determinada empresa, torna-se necessário termos profissionais de gabarito e com conhecimento profundo na indústria da aviação independente da sua nacionalidade, deve-se apostar na competência", defende o empresário.

Nesta quinta-feira, 3, o ministro dos Transportes Carlos Santos voltou a reafirmar o compromisso do Governo em criar as condições que permitam a campainha continuar a operar e depois ser novamente privatizada.

"Estamos a trabalhar com parceiros para voltar a associar o crescimento e a retoma dos TACV ao lançamento da plataforma aérea do Sal , que são dois activos importantes que nós temos no desenvolvimento do país", disse o governante.

A problemática dos transportes, sobretudo inter-ilhas, tem estado na ordem do dia, com o Presidente da República a lamentar o cancelamento da viagem de serviço que devia fazer à ilha Brava por falta de ligação marítima, já que a mesma não possui pista de aviação.

José Maria Neves considera que para uma melhor circulação das populações e competitividade económica nacional é fundamental o Governo tomar medidas para não se regredir nesse capítulo e pediu ummaior rigor na assinatura das concessões e uma boa regulação.

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