O Governo de Cabo Verde anunciou para breve a conclusão da privatização dos aeroportos e portos do país, mas o Sindicato dos Transportes, Hotelaria e Turismo (SITTHUR) diz que está agastado por não haver informação sobre o processo.
Carlos Lopes, presidente do SITTHUR, afirma que os trabalhadores estão apreensivos e clamam por informações concretas sobre o seu futuro laboral, após a concretização da privatização das empresas aeroportuárias e portuárias.
O silêncio, diz Lopes, contrasta com a anunciada intenção do Governo em encetar diálogo com as diferentes estruturas no sentido de se estabelecer um clima de paz social e tranquilidade visando a retoma económica pós-pandemia.
"O diálogo social só é verdadeiro se houver o respeito e consideração por todas as partes presentes, - governo , empregadores e trabalhadores," diz o sindicalista.
Lopes não opina sobre a necessidade ou não da passagem das citadas empresas à gestão privada, por não possuir os elementos técnicos necessários, mas ressalta a importância de serem salvaguardados todos os direitos dos trabalhadores.
O processo em curso, no entanto, é alvo de críticas dos sindicatos que acusam o Governo de não prestar informações, enquanto o antigo presidente da Câmara do Comércio de Sotavento diz que não ser este o momento para a privatização daquelas estruturas.
Adiar a privatização
Mas o empresário e antigo presidente da Câmara do Comércio de Sotavento entende ainda não ser o momento para se avançar com a privatização de gestão da ASA e Portos, tendo em conta os efeitos da crise no funcionamento das mesmas.
Jorge Spencer Lima diz que se deve esperar pela retoma económica e a melhoria das empresas e a partir do próximo ano dar continuidade ao processo.
"Ainda estamos a viver efeitos da Covid, portanto do meu ponto de vista não é hora de se avançar com a privatização da empresa gestora de aeroportos" afirma Spencer Lima.
No que toca aos portos, Spencer Lima diz que "os únicos que rentáveis são os da Praia e Mindelo e eventualmente o da Palmeira com a retoma turística na ilha do Sal... os outros não são rentáveis (…) por isso devemos ter muito cuidado para não aumentar mais custos às pessoas e empresas".
A assessoria de imprensa do ministério das Finanças não respondeu ao pedido de comentário sobre o assunto.
Recorde-se que em 2017 o actual executivo, do MpD, anulou o concurso internacional para a subconcessão dos quatro principais portos de Cabo Verde, que tinha sido entregue ao grupo francês Bolloré pelo então governo liderado por José Maria Neves, actual presidente da república.