O núcleo de professores que no ano passado realizou uma grande manifestação contra a falta de respostas às suas reivindicações, decidiu agora bloquear as notas do segundo trimestre, que está prestes a terminar, até que o Ministério da Educação volte à mesa de negociações com todos os sindicatos, visando resolver um conjunto de reivindicações da classe.
A decisão tem o apoio do Sindicato Democrático dos Professores, enquanto o diretor nacional da educação afirma que o ministério tem redobrado esforços para atender as reivindicações e mostra-se aberto ao diálogo, mas não aceita que os alunos sejam prejudicados.
Os professores pedem um aumento de 36 por cento, no valor de 107 mil escudos, cerca de 1070 dólares, enquanto o Governo contrapõe com 89 mil escudos, cerca de 890 dólares mensais.
A porta-voz do núcleo dos professores, Aleida Semedo, diz que o bloqueio de notas constitui mais um grito de alerta, tendo sido a forma encontrada para que o Ministério da Educação responda às suas demandas.
“Os professores estão decididos a não colocar as suas avaliações no sistema este trimestre até que o Ministério da Educação se sente com os interessados e apresente soluções viáveis e palpáveis que vão de encontro às propostas feitas e reivindicações apresentadas… esta luta é uma clara busca da dignidade profissional e humana há muito perdida… precisamos de uma reação verdadeira e pró activa das autoridades deste país, visto que continuamos sem respostas para as reivindicações dos salários, das promoções e aos subsídios directamente ligados ao acréscimo de custos”, afirma Semedo.
Sindicato apoia e pede diálogo
A decisão dos docentes tem o apoio Sindicato Democrático dos Professores.
“Mesmo sendo dito que não lançar as notas no sistema é inconstitucional, até agora ninguém apresentou essa lei. É preciso que se o diga, porque a inconstitucionalidade não pode ser apenas de um lado. O aluno não paga, a propina é coberta, a nota isso também é congelamento”, diz Ligia Herbert, do sindicato, que manifesta a abertura para o diálogo.
Herbet pede, contudo, “que seja feito em coletivo com todos os sindicatos ao mesmo tempo, porque a luta e os problemas são comuns”.
Ministério contra congelamento de notas e a favor do diálogo
Em declarações à Voz da América o diretor nacional da Educação lembra que os professores têm responsabilidades acrescidas e que não devem ir ao extremo de congelar as notas.
Adriano Moreno afirma que “o congelamento das notas é completamente irrazoável, porque prejudica diretamente os alunos e nós enquanto Ministério da Educação já resolvemos muitas pendências e o acordo com os sindicatos é que até maio-junho sejam resolvidas todos problemas, incluindo a questão salarial. Já há uma proposta”.
Moreno reitera que o ministério e o governo estão “abertos ao diálogo". "Assim como defendemos os professores também vamos defender o direito dos alunos, porque não podem ficar de forma alguma sem a avaliação”.
O responsável conclui, no entanto, que cabe aos três sindicatos da classe entenderem-se para que tal aconteça.
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