Prosseguem as audições na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), criada para investigar os actos de gestão nos Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV) desde a independência do arquipélago.
Pela CPI já passaram alguns antigos gestores da companhia, bem como antigos ministros de tutela, agora em fase de reestruturação visando a sua privatização.
Para o Movimento para a Democracia (MpD), partido no governo, a criação de uma CPI é uma grande iniciativa, porquanto há claros indícios de má gestão de dinheiro público.
Mas o PAICV considera que esta CPI, aprovada pela maioria do MpD, tem por propósito desviar as atenções sobre o negócio - “pouco transparente na óptica do partido” - feito pelo executivo "ventoinha” com a Binter, transportadora privada originária das Canárias que agora detém o monopólio das ligações áreas inter ilhas.
O deputado da oposição Walter Évora diz que não faz sentido passar a imagem de que "tudo correu bem na gestão da TACV, na década de 90, e que tudo foi péssimo a partir de 2001", quando o PAICV assumiu o poder.
Para Évora, a TACV sempre enfrentou dificuldades, "situação que continua até hoje, o que tem levado o Governo a injectar meios financeiros".
Por sua vez, o deputado do MpD Luís Carlos Silva afirma que "não se pode deixar passar em branco actos claros de má gestão e que custaram milhões aos cofres do Estado".
Silva diz que as responsabilidades políticas devem ser assacadas, cabendo depois às autoridades judiciais, tratarem de questões criminais a serem detectadas.
Já o jornalista Daniel Almeida considera que a CPI não vai dar em nada, tal como aconteceu com as outras anteriormente realizadas.
Almeida diz que tudo não passa de aproveitamento político porque na verdade "não se vai alcançar nenhum resultado que possa permitir a responsabilização política, criminal ou ética".
O jornalista lembra que primeiro foi o PAICV a solicitar a criação de uma CPI para averiguar o processo de privatização e concepção do monopólio das ligações aéreas inter ilhas à Binter.
A iniciativa fora rejeitada pela maioria do MPD, que resolveu avançar com uma CPI para analisar todos os actos de gestão dos TACV desde 1975, data da independência do arquipélago.