O antigo primeiro-ministro e actual embaixador de Cabo Verde em Washington garante que o seu país vai fazer tudo para manter os programas dos Estados Unidos que têm beneficiado o arquipélago, nomeadamente o Milenium Chalenge Account e o AGOA, a lei que facilita a exportação de produtos africanos para os Estados Unidos.
Ao participar no Washington Fora d´Horas, da Voz da América, via Facebook Live, na manhã desta sexta-feira, 27, Carlos Veiga defendeu o reforço da democracia em África e considerou que o poder local aproxima o poder às pessoas, embora deva ser adaptado a cada realidade.
“Quem perde tem de sair do poder e não pode ficar ou passar o mesmo a familiares”, disse Carlos Veiga questionado sobre a situação recente na Gâmbia e nas Maurícias, onde, neste último, o primeiro-ministro cedeu o lugar ao filho.
O papel da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) foi considerado “muito positivo” por Veiga, ao ter respeitado a vontade popular.
Para o diplomata, a democracia tem um longo caminho para percorrer em África, mas “é o melhor”, tendo apresentado o caso do seu país.
O poder local também foi abordado na entrevista com Carlos Veiga a defender que “é uma forma de resolver mais rapidamente os problemas da população porque o poder está mais próximo das pessoas”, mas sublinhou que “deve ser adaptado à realidade de cada país”.
Terceiro compacto
A nova administração americana não indicou ainda as suas prioridades para África, embora assessores do Presidente tenham questionado o impacto real de programas como o Milennium Chalenge Account e a lei que facilita a exportação para os Estados Unidos de produtos africanos.
Carlos Veiga garante que o seu país tem usado bem os recursos e vai lutar para continuar a beneficiar-se desses programas que, espera, “não deixem de existir”.
“Cabo Verde pode ser apresentado como um bom exemplo, com programas bem desenhados, bem executados e bem monitorados pela parte americana e os compactos do Millenium Challenge Account beneficiaram os cabo-verdianos”, sustentou Veiga, sublinhando que “a diplomacia pode perseguir causas muito nobres e que o dinheiro dos contribuintes americanos foi bem empregue”.
O embaixador garantiu que o seu Governo vai concorrer a um terceiro compacto do Millenium Challenge Account e espera que “Cabo Verde possa aproveitar ainda melhor o AGOA com a recente extensão do programa.
Carlos Veiga abordou também a assinatura esta semana de um memorando que regula as deportações entre o seu país e os Estados Unidos.
Ele confirmou que cerca de 400 cabo-verdianos esperam ser deportados, dos quais 24 considerados perigosos e que se encontram a cumprir penas de prisão.