A saída de jovens cabo-verdianos para o exterior nos últimos tempos tem estado no centro de dabate político no país.
As enormes filas junto das embaixadas também revelam essa realidade que na quinta-feira, 27, durante o debate sobre o estado da Nação, levou os dois principais partidos a trocarem acusações no Parlamento.
A Juventude do PAICV, JPAI, na oposição, pede politicas transparentes e assertivas para facilitar o enquadramento dos jovens quadros no mercado nacional de trabalho, a fim de evitar a saída massiva de jovens que procuram vistos nas embaixadas em busca de melhores condições de vida.
O presidente daquela organização, Fidel de Pina, diz que o Governo não tem uma política clara para a Juventude e acusa o Executivo de compadrio na seleção de quadros para a Administração Pública.
“É necessário que haja transparência nos concursos públicos nos recrutamentos a fim de permitir que jovens dos diferentes quadrantes possam ter acesso ao emprego digno… por outro lado temos uma economia que ainda não consegue absorver os nosso quadros, pelo que o Governo tem que trabalhar por forma a melhorar as condições salariais no país”, afirma Pina, quem defende ainda a “melhoria laboral e se acabar com a precariedade dos contratos a prazo”.
Por seu lado, a Juventude do MpD (JPD), do partido no poder, MpD, desdramatiza esse posicionamento.
Vander Gomes lembra que Cabo Verde sempre foi um país de emigração, pelo que considera não se deve estranhar o interesse de alguém que queira viajar para procurar melhores condições.
“Não há dados concretos que comprovam que o PAICV tem razão… agora, Cabo Verde sempre foi um país aberto à emigração e isso não podemos negar… também há bem poucos dias saiu o estudo no jornal português Público que diz que a maioria dos jovens lusos quer emigrar para Inglaterra, os jovens ingleses e suíços para os Estados Unidos da América, portanto estamos num mundo aberto e os jovens estão a procura dos melhores empregos e salários”, afirma Gomes.
Para o jornalista José Vicente Lopes, a razão da saída dos jovens prende-se com a situação económica e financeira do país, tal como no passado também se relacionou, embora entenda que hoje os jovens que pretendam sair tenham maior nível de escolaridade e de formação.
“Há razões objetivas que levam os jovens a querer sair de Cabo Verde porque ninguém deseja abandonar o seu país para outro meio se estiver bem social-económica e culturalmente no lugar de origem”, diz Lopes.
Aquele analista político e escritor acrescenta que o Governo deve melhorar o quadro de empregabilidade e retenção de quadros e afirma que neste momento o arquipélago já começa a ter falta de gente formada em determinadas áreas, nomeadamente “engenheiros agrónomos, médicos e outros técnicos qualificados”.
Fórum