Em Cabo Verde, depois de ganhar as legislativas de 20 de Março, o Movimento para a Democracia (MPD) regista outra vitória, desta feita nas eleições municipais.
Com a vitória, o MPD continua a ser o maior partido autárquico, agora com 19 câmaras municipais.
A abstenção nas sétimas eleições autárquicas atingiu 41 por cento.
Dos partidos concorrentes, o PAICV foi o grande derrotado nas eleições realizadas de 4 de Setembro. Perdeu os municípios de São Filipe e Santa Catarina, no Fogo; São Lourenço e São Salvador, na ilha de Santiago; Ribeira Brava, em São Nicolau ; e Porto Novo, na Ilha de Santo Antão.
Dos oito municípios que governava, o maior partido da oposição, fica apenas com Mosteiros e Santa Cruz.
Na sequência dos resultados desastrosos das autárquicas, a líder do PAICV decidiu colocar o lugar à disposição.
Janira Hopher Almada disse que o seu partido fez uma boa preparação para vencer as eleições autárquicas, mas o povo resolveu apostar nos projectos apresentados pelo MPD.
“Enquanto líder e depois de uma profunda reflexão, revolvi deixar o caminho aberto para o partido encontrar outras alternativas de liderança”, disse Almada.
O analista político Gil Évora entende que a presidente do PAICV devia pedir a demissão, já que falhou tanto nas legislativas, como nas autárquicas.
Para Évora, não se trata apenas das derrotas sofridas, mas também a fraca estratégia e capacidade da líder em mobilizar todo o partido para os embates eleitorais.
Enquanto a presidente do PAICV não conseguiu unificar posições e fazer um forte marteking politico para as eleições, Gil Évora considera que o dirigente máximo do MPD, também primeiro-ministro, foi mais eficaz na estratégia montada para as autárquicas.
O analista político afirma que o efeito legislativas em que o MPD ganhou com maioria absoluta teve influência no pleito eleitoral municipal.
Quanto as reclamações de UCID, segundo as quais o candidato António Monteiro, segundo posicionado em São Vicente, ameaça impugnar as eleições, Évora compreende alguma frustração do líder da União Cabo-verdiana e Independente, já que as sondagens lhe davam melhor pontuação, o que acabou por não acontecer.
Pelos desafios económicos e outros que a ilha de São Vicente tem pela frente, o analista politico considera salutar uma convergência de ideias entre as três forças politicas que vão dividir a gestão da câmara, com a liderança de Augusto Neves, eleito presidente da edilidade pelo MPD.
Évora destaca igualmente, a vitória do deputado nacional do MPD, que concorreu como independente na ilha da Boa Vista.
Se na Praia o presidente do MPD conseguiu unificar posições e evitar divisão, na Boa Vista já não teve mérito, uma vez que o preterido José Luís Santos avançou como independente e conseguiu uma esclarecida vitoria sobre o candidato daquele partido, José Pinto Almeida.
Reagindo aos resultados, o líder do MPD disse que o seu partido tem agora responsabilidades acrescidas.
Ulisses Correia e Silva, que também é Primeiro-ministro do arquipélago, garantiu que trabalhará com todos os presidentes de câmaras, e exortou-os a empenharem-se no desenvolvimento dos respectivos municípios.