O advogado cabo-verdiano Amadeu Oliveira, que tem tecido duras criticas à justiça do país, foi detido este sábado, 20, num hotel da capital, Praia.
A prisão de Oliveira foi presenciada pelo líder do terceiro partido com assento parlamentar, UCID, António Monteiro, como o próprio contou à VOA por telefone.
O líder dos democratas-cristãos afirma estar agastado com a detenção por entender que não faz sentido prender um cidadão “corajoso e que tem posto o dedo na ferida de muita coisa negativa que acontece na justiça” do arquipélago.
“Em vez de se investigar a fundo as coisas denunciadas para se corrigir os males, parte-se para o silenciamento de quem de forma corajosa tem contribuido com as denúncias feitas para alterar as coisas negativas que acontecem no sistema judicial", acrescenta Monteiro.
As criticas de Amadeu Oliveira contra juizes e o sistema judicial ao longo dos últimos tempos tem feito correr muita tinta e provocado reacções díspares.
Enquanto vastos sectores da sociedade civil e política apoiam as denúncias de Oliveira, outros, nomeadamente juizes dos tribunais de primeiras instância e do Supremo Tribunal de Justiça, acusam-no de calúnia.
A VOA não conseguiu confirmar o motivo da detenção, nem junto das autoridades nem junto da defesa do advogado, mas fontes bem informadas admitem que ela terá acontecido depois de Amadeu Oliveira não ter comparecido a um julgamento marcado para os dias 6, 7 e 8 de Janeiro, no qual ele devia responder pela prática de crimes de ofensa contra juízes do Supremo Tribunal de Justiça.
Na altura, ele disse à imprensa que só compareceria se fosse preso.
Acredita-se que ele deverá ser presente à justiça na segunda-feira, 22 fevereiro, e que responderá aos processos em causa.