O Movimento para a Democracia (MpD), partido no poder em Cabo Verde, escolhe, no próximo ano, em eleições directas, o seu presidente, cargo ocupado agora pelo actual primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva.
A mais de seis meses de distância, o deputado e antigo ministro da Presidência, Orlando Dias, manifestou já a sua intenção de concorrer ao cargo e neste fim-de-semana reuniu-se com alguns militantes do partido na cidade da Praia.
Dias revela que neste momento o “projecto resgatar o MpD e devolver o partido aos militantes” tem apoio de cerca de pelo menos 15 deputados do grupo parlamentar e um bom suporte a nível da direcção.
O deputado nega que a sua candidatura possa ser motivo de instabilidade governativa e sublinha que os militantes querem uma força política mais próxima das bases, com mais democracia interna e renovada.
“Desde 2013, o partido tem vindo a descaracterizar-se, daí a necessidade de resgate e devolução, nós queremos que o MpD volte a ser o mesmo da década de 90, um partido democrático onde os militantes tenham voz, haja disputa e democraticidade e respeito à diferença porque o Movimento para a Democracia não é uma sociedade anónima, nem propriedade de ninguém, mas sim um partido de todos os seus militantes”, propõe Orlando Dias.
O analista político José António dos Reis vê com bons olhos a disponibilidade de Dias e considera que ela só contribui para a vitalidade interna e abertura para o escrutínio de novas ideias e projectos de liderança partidária.
"É sempre muito positivo que militantes de um partido se disponibilizem para não só disputar cargos de direcção como de ter perspectivas diferentes e colocá-las na mesa para o debate, porquanto isso pode contribuir para clarificação política no partido, manifestação de pluralidade e gestão partidária", aponta o também antigo deputado e ministro do Governo do MpD na década de 1990.
O partido é actualmente liderado pelo primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, que deve concorrer à sua própria sucessão em 2023.