A crise económica em Cabo Verde e a falta de mão-de-obra em países estrangeiros como Portugal está na origem da saída de jovens contratados para trabalhar nos ramos da hotelaria e empresas de transportes públicos daquele país europeu.
São visíveis na cidade da Praia, a capital, longas filas de jovens à espera de entrevistas com empresários portugueses que, para o efeito, se deslocaram ao país.
Pessoas de outras ilhas têm viajado para a capital para tentar uma vaga numa empresa em Portugal.
Algumas empresas viram, de uma assentada, 30 empregados apresentar seus pedidos de demissão.
A saída para o estrangeiro é uma janela de oportunidade que muitos dizem agarrar para melhorar as condições de vida, mas esta realidade não está a ser bem digerida por alguns empresários, sobretudo no ramo dos transportes, que já manifestaram preocupação.
Alguns pedem que se faça a revisão do código laboral para salvaguardar o empresariado nacional.
Para o analista político Ludgero Correia “não faz sentido criar mecanismos para impedir que alguém emigre na procura de melhores condições de vida”, no entanto, realça, “cabe aos patrões proporcionarem melhores salários para reter os profissionais nas respectivas empresas”.
Abordado se essas saídas não preocupam o Governo, o primeiro- ministro, que disse há bem pouco tempo que os jovens não precisam emigrar, afirmou que o país é livre e cada um pode viajar e regressar quando quiser.
Ulisses Correia e Silva avançou, no entanto, que o Executivo está a trabalhar com o seu homólogo português para a assinatura de um acordo que permita a movimentação segura dos trabalhadores.
"Estamos a trabalhar para a definição de um acordo que garanta contrato de trabalho junto de empregadores, protecção social, cuidados de saúde derivado do sistema de segurança social para aqueles que querem fazer mobilidade laboral para Portugal o possam realizar dentro de quadro que asseguram direitos”, revelou Correia e Silva, lembrando, no entanto, que os que decidirem sair “assumirão os seus riscos".
Neste particular, o antigo conselheiro do anterior Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, Ludgero Correia considera que “não se justificam certas declarações”, porquanto que Cabo Verde sempre foi um país de emigração e continuará a sê-lo tendo em conta que o arquipélago não possui condições para garantir empregos e bons salários para todos os seus cidadãos.
Recorde-se que Portugal flexibilizou recentemente a sua lei de migração precisamente para poder recorrer à mão-de-obra estrangeira.
Fórum