Cabo Verde registou nos primeiros meses deste ano 22 casos de suicídios, dos quais cinco apenas em abril.
Em comparação aos anos anteriores, nota-se uma tendência de aumento de casos, o que na ótica de especialistas exige estudos para se conhecer melhor as reais causas desse fenómeno que preocupa a sociedade.
Não é por acaso que o Governo declarou 2024 o “Ano da Saúde Mental.
Dados do Ministerio da Saude indicam que durante o período de 2018 a 2022, os números de óbitos por suicídio apresentaram oscilações, com uma média de aproximadamente 46,6 casos por ano, com a esmagadora maioria a registar-se na cidade da Praia, a capital.
No ano de 2018, foram registados 54 suicídios, o maior número de casos no período em análise.
Depois, em 2019, houve uma redução para 41, uma queda de 24% mas, em 2020, os números voltaram a subir, com 49 casos registados, mais 19%.
Já em 2021, houve uma diminuição significativa, com 37 casos, menos 24% em comparação ao ano anterior, e em 2022, os números voltaram a subir, alcançando 52 casos, um aumento de 41%.
Para o psiquiatra Manuel Faustino, embora a tendência mundial depois da pandemia da Covid aponte para aumento de casos depressivos e outros que levam muitas vezes ao suicídio, os dados do primeiro trimestre deste ano interpelam uma maior atenção e estudos para se conhecer as principais causas e ajustar algumas medidas.
“ Recomendo muito debate, aprofundado, escolhendo alguns temas como por exemplo a questão que está diretamente ligada à saúde mental que é o uso abusivo de substâncias psicoativas”, afirma Faustino, que defende ainda uma maior atenção no “atendimento dos doentes mentais, a ocupação saudável dos tempos livres para as pessoas viverem bem e poderem cuidar dos seus problemas e enfrentar as suas dificuldades”.
Na opinião do psicólogo clínico Nilson Mendes, deve-se prestar uma maior atenção em relação aos problemas sociais e vivência nas comunidades, destacando o papel que a família, amigos e colegas de trabalho devem desempenhar na prevenção de casos de suicídio.
“Esta esfera da desigualdade social tem estado a proporcionar na pessoa um impacto negativo, tanto a nível do pensamento e torna a fragilidade emocional… isso leva que a pessoa não tenha as ferramentas ideais para lidar com situações de depressão, problemas financeiros e no emprego ou mesmo do desemprego que são fatores determinantes para casos de análise do suicídio”, conclui aqueke psicólogo clínico.
O Governo designou 2024 “Ano da Saude Mental”, no qual se propõe reforçar os programas de sensibilização, e educação sanitária e tomar uma série de medidas, também em parceria com as câmaras municipais, confissões religiosas e organizações da sociedade civil.
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