O enviado especial da Venezuela, Alex Saab, detido em Cabo Verde desde 12 de Junho de 2020, foi extraditado no final da tarde deste sábado, 16, para os Estados Unidos, após uma longa batalha judicial.
Fontes da VOA na cidade da Praia confirmaram que um avião do Departamento de Justiça americano foi a Cabo Verde buscar o empresário de origem colombiana, acusado pela justiça americana de lavagem de 350 milhões de dólares no sistema financeiro dos Estados Unidos.
A equipa de defesa também confirmou a extradição num vídeo enviado à VOA, no qual o advogado em Cabo Verde, Pinto Monteiro, diz não ter sido informado da acção pelo Tribunal Constitucional e que Saab "foi sequestrado".
"A participação activa de Cabo Verde no sequestro do diplomata venezuelano Alex Saab é um ato vergonhoso e covarde que deve ser denunciado por todos aqueles que se opõem ao largo braço da justiça dos Estados Unidos", reforça a defesa noutra nota..
A defesa de Saab e o Governo da Venezuela refutaram as acusações dos Estados Unidos e disseram que tudo não passava de perseguição de Washington ao Governo de Caracas, alegando que Saab estava a caminho do Irão para negociar alimentos para o país, como forma de contornar o boicote imposto pelos Estados Unidos.
Alex Saab deve ser julgado no tribunal do distrito de Miami, no Estado da Flórida.
A justiça americana diz que Saab e o seu sócio Álvaro Pulido Vargas participaram supostamente num esquema de suborno entre 2011 e pelo menos até Setembro de 2015 e os acusa de branqueamento de cerca de 350 milhões de dólares no sistema financeiro dos Estados Unidos, segundo um comunicado de imprensa do Departamento de Justiça.
Em Cabo Verde, após sete meses de batalha legal entre a defesa e a Procuradoria Geral da República, a 4 de Janeiro de 2021, o Tribunal de Relação de Barlavento decidiu pela extradição de Saab para os Estados Unidos.
A defesa recorreu ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que, a 17 de Março, recusou mudar o veredicto do tribunal inferior e ratificou a extradição do colombiano-venezuelano.
No passado dia 30 de Agosto, foi a vez do TC decidir não aceitar o recurso, segundo o acórdão, de 194 páginas, publicado a 7 de Setembro, e abrir caminho à sua extradição.